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Artigo

Importação de ureia fertilizante

Adary Oliviera

14/09/2021 06h09

Foto: Divulgação

Segundo a Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) a importação de fertilizantes intermediários corresponde a mais de 80% do total de fertilizantes entregues ao mercado, em toneladas de produtos.

A ureia, fabricada pela Unigel em Camaçari, Bahia, e em Laranjeiras, Sergipe, a partir do gás natural e do nitrogênio do ar atmosférico (azoto), é uma das principais substâncias usadas pelas empresas que formulam os adubos NPK, juntando-a ao potássio e ao fósforo das rochas potássicas e fosfáticas. As importações de ureia para atender ao pujante agronegócio brasileiro superam as sete milhões de toneladas anuais de valor superior a US$2,2 bilhões.

Entre os 25 países do globo que fornecem ureia para o Brasil estão parceiros tradicionais como Estados Unidos, Canadá, Bélgica, Itália e Alemanha e os distantes Catar, Rússia, Omã. Estes três países, juntamente com a Argélia, Nigéria, Turcomenistão, Irã e Barein garantem o suprimento de mais de 90% da ureia que importamos, segundo dados tirados da Comex Stat.

Além do destino de 80% do uso da ureia como fertilizante, 10% são usadas para a produção de adesivos e plásticos, na forma das resinas de formaldeído e melamina, e outros 5% da produção têm aplicação na alimentação animal. Dos três insumos básicos para a produção de fertilizantes (os outros dois são o cloreto de potássio e os fosfatos solúveis) a ureia é que tem maior chance de ter sua produção ampliada por usar gás e ar como matérias-primas. Isso faz lembrar o período que se fez no Brasil o Plano Nacional de Desenvolvimento (PNB) que tinha na substituição de importações seu principal vetor.

Na época, foram bem-sucedidos os planos para expansão de celulose e papel, metais não ferrosos e petroquímica, reduzindo substancialmente as importações e gerando excedentes exportáveis. Tais planos caíram como uma luva para a melhoria da nossa balança comercial, época em que importávamos 80% do petróleo que consumíamos.

Dois fatores importantes contribuem para que o Brasil empreenda o aumento da produção de ureia. O primeiro deles, é devido ao crescimento da oferta mundial de gás natural. Os países produtores encontraram na fabricação da amônia e da ureia uma escapada para a venda do gás. Agora que o mercado internacional está abarrotado desses produtos, procuram uma nova fugida, encontrando na liquefação do gás natural outra saída para a venda do gás.

Como se sabe, o Gás Natural Liquefeito (GNL), é obtido após submeter o Gás Natural (GN) a forte pressão, capaz de reduzir seu volume em 600 vezes, e mantê-lo na forma líquida a uma temperatura de -162oC. O fluido assim conseguido pode ser transportado para lugares distantes. Próximo ao local de consumo o GNL precisa ser novamente transformado em GN com uso de navios regaseificadores. No Brasil, além das cinco unidades de regaseificação instaladas no Rio de Janeiro (2), Bahia, Sergipe e Ceará, outras 19 estão programadas para a costa brasileira. O vendedor de GN sabe que precisa instalar regaseificadores para facilitar a comercialização do produto, criando assim aumento da oferta. O segundo fator, é que a quebra do monopólio da Petrobras abriu espaço para que a iniciativa privada ingressasse no setor.

A crescente oferta do GN e a expansão do agronegócio, puxando o consumo dos adubos, criaram situação de alta favorabilidade.

Como se pode observar, até os mais pessimistas têm motivos para acreditar que existem novos caminhos para o desenvolvimento.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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