09/10/2025 10h08
Foto: Divulgação
O Índice de Preços ao Consumido Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, acelerou para 0,48% em setembro, após ter caído 0,11% em agosto, informou o IBGE, nesta quinta-feira (9).
No ano, o IPCA acumula alta de 3,64% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 5,17%, acima dos 5,13% dos 12 meses imediatamente anteriores.
O resultado veio melhor que o esperado. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de alta de 0,52% em setembro, acumulando em 12 meses avanço de 5,22%.
Energia elétrica volta a pesar
A principal pressão veio da energia elétrica residencial, que saiu de -4,21% no mês anterior para 10,31% em setembro, registrando o maior impacto individual (0,41 ponto percentual) na taxa. Veja aqui o detalhamento.
“A alta da energia ocorreu em decorrência do fim do Bônus de Itaipu, que concedeu descontos nas faturas de agosto. Além disso, permaneceu em vigor a bandeira tarifária vermelha patamar 2, que adiciona R$ 7,87 na conta e luz a cada 100 Kwh consumidos”, explicou Fernando Gonçalves, gerente do IPCA.
Alimentos têm deflação pelo quarto mês seguido
A boa notícia é que o grupo Alimentação e bebidas (-0,26%) registrou queda pelo quarto mês consecutivo. A deflação de setembro foi influenciada pela alimentação no domicílio, que caiu 0,41%, após redução de 0,83% de agosto, com destaque para as quedas do tomate (-11,52%), da cebola (-10,16%), do alho (-8,70%), da batata-inglesa (-8,55%) e do arroz (-2,14%). No lado das altas sobressaem as frutas (2,40%) e o óleo de soja (3,57%).
Os grupos Artigos de residência (-0,40%) e Comunicação (-0,17%) também registraram deflação. No lado das altas, as variações ficaram entre o 0,01% de Transportes e o 2,97% de Habitação.
À exceção do gás veicular (-1,24%), os demais combustíveis tiveram alta em setembro: etanol (2,25%), gasolina (0,75%) e óleo diesel (0,38%).
Inflação ainda acima da meta
O centro da meta oficial para a inflação no ano é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
A expectativa atual do mercado para a alta do IPCA está em 4,80% em 2025 e em 4,28% em 2026, segundo o último Boletim Focus.
Inflação menos disseminada
Apesar do repique da inflação, o índice de difusão, ou seja, o percentual de subitens que tiveram resultado positivo, caiu de 57% em agosto para 52% em setembro.
Outra boa notícia foi a desaceleração da inflação de serviços, de 0,39% em agosto para 0,13% em setembro.
“Desconsiderando a energia elétrica residencial, subitem de maior impacto no IPCA, a variação no índice de setembro seria de 0,08%”, destacou o gerente.
No final de julho, o Banco Central decidiu interromper o ciclo de alta nos juros básicos ao manter a Selic em 15% ao ano, mas segue sinalizando que taxa deve permanecer elevada por período “bastante prolongado”.
Para o economista André Perfeito, o resultado de setembro mostra que as pressões do mercado de trabalho estão menos intensas no índice.
“Não se pode dizer com isso que o BCB irá cortar os juros por conta dos números divulgados, mas é razoável supor que as medianas das projeções no Focus podem melhorar para o horizonte de curto prazo. Contudo as projeções no horizonte relevante de 2027 estão “emperradas” no imbróglio fiscal atual, impedindo a queda da Selic”, avaliou.