13/01/2020 08h00
Foto: Escola SESI - Divulgação
Em Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos, no Oriente Médio, será anunciado, nesta segunda-feira (13), os vencedores do Prêmio Zayed de Sustentabilidade e a Escola SESI Djalma Pessoa, localizada no bairro de Piatã, em Salvador, é a única instituição de ensino médio do Brasil selecionada entre os finalistas, que concorre a um prêmio no valor de US$ 100 mil. Além da instituição baiana, uma escola do México e outra da Colômbia representam a América Latina na premiação.
Este ano, em seu décimo segundo ciclo anual de premiação, o Prêmio Zayed recebeu um recorde de 2.373 inscrições de 129 países. São 30 escolas disputando a premiação, que irá destacar os 10 melhores projetos de inovação sustentáveis, desenvolvidos por estudantes do ensino médio. A proposta da premiação é abordar alguns dos desafios de desenvolvimento mais urgentes do mundo, alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas 2030.
O SESI Bahia está concorrendo com o Programa de Iniciação Científica em Tecnologias Verdes. A ideia é proporcionar aos estudantes da escola a construção de conhecimento em educação ambiental, a partir da experimentação prática e prototipagem de projetos autorais de pesquisa e engenharia aplicada em tecnologias sustentáveis. Outro viés é contribuir também para a formação de professores para desenvolver o ensino da iniciação científica no ensino médio.
Para o professor Fernando Moutinho, que elaborou o projeto que concorre ao Prêmio Zayed, estar entre os 30 projetos finalistas é uma realização. De acordo com o professor, a Fundação Zayed é uma instituição conhecida mundialmente pelo engajamento ambiental e por reconhecer iniciativas de educação para os objetivos do desenvolvimento sustentável. “A educação do SESI Bahia estar inserida neste ambiente da indústria, posiciona a Rede SESI de Educação com viés tecnológico e inovador, dialogando com a sustentabilidade. Participar de um grupo tão seleto de projetos finalistas com uma relevância mundial na área de educação científica que sempre busquei trabalhar é uma realização”, diz Moutinho.
Pioneirismo
A Escola SESI Djalma Pessoa saiu na frente na Bahia com a implantação do programa de iniciação científica na Rede SESI. Tudo começou a ganhar forma a partir de 2012, quando o laboratório deixou de ser apenas um espaço de atividades complementares às aulas de química, física e biologia para funcionar como um espaço de produção de ciência, dando origem ao Programa de Iniciação Científica da Rede SESI na Bahia.
Desde então, nasceram projetos premiados como a telha ecológica, feita com o reaproveitamento de resíduos da casca de coco, uma pesquisa com microalgas, que reduz a concentração de CO2 no meio ambiente, o bioplástico produzido a partir da fécula de mandioca e o uso da casca de laranja como catalisador para a indústria de fármacos.
As pesquisas com a microalga para redução de CO2 e o reaproveitamento da casca de laranja levaram três estudantes da escola SESI em 2018 a uma feira científica internacional, a Intel-ISEF, evento pré-universitário realizado pela universidade americana de Pittsbourg e que reúne estudantes de vários países nos Estados Unidos. Um dos estudantes, Gabriel Negrão, que atualmente estuda na USP, voltou de lá com uma premiação: o 3º lugar no Prêmio Especial da Sociedade de Espectroscopia de Pittsbourg e menção honrosa da American Chemical Society dos Estados Unidos.
Em 2019, a escola voltou a se destacar com uma pesquisa que desenvolveu um biofilme a partir da biomassa de microalga que ajuda a potencializar a germinação de sementes. A pesquisa conquistou o 3º lugar na categoria Bioquímica e Química na Mostratec 2019, realizada no final do mês de outubro. A Mostratec é uma das mais importantes feiras de ciências realizadas no Brasil e uma das portas de entrada para a Intel-ISEF. Na defesa do projeto estavam as estudantes Yasmin Teles Fonseca e Nicole Melo de Almeida que são orientadas pelo professor Fernando Moutinho e co-orientadas pela professora Jamile da Cruz Caldas.
Nicole de Almeida conta como foi gratificante participar de todo o processo, desde a elaboração da pesquisa, passando pela aceitação do projeto pela Mostratec e a participação do evento em si. “A experiência foi completa. Entendemos como funciona uma grande feira de ciência e tivemos a oportunidade de estar em contato com pessoas que debatem o tema que a gente estuda. Se fosse resumir o processo inteiro até a premiação, a palavra que mais representa é amadurecimento”, resume a estudante.
A pesquisa premiada na Mostratec 2019 faz parte da linha de pesquisa em Tecnologias Verdes do laboratório de ciências da Escola SESI Djalma Pessoa. Além desta pesquisa, o laboratório desenvolve atualmente outros experimentos. Um deles é voltado para a absorção de metais pesados no descarte de pilhas usando a quitosana. Outras duas pesquisas tratam do uso das Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC’s) no combate à proliferação das larvas do mosquito Aedes Aegypti, através do tensoativo obtido do extrato da folha de araçá (Psidium Cattleianum) e um protótipo sistemático de reutilização da água que é descartada no processo de destilação.
Iniciação Científica
Atualmente, o programa de Iniciação Científica da Rede SESI na Bahia tem mais de 200 estudantes inscritos de todas as sete escolas da capital e interior. Para 2020, este número irá chegar a 500 alunos. A principal novidade é que o SESI Bahia, passará a oferecer aos seus estudantes bolsas de iniciação científica. “A bolsa não é o fim, mas um meio de fomentar ainda mais o engajamento dos estudantes que também precisam ser desafiados a colocar em prática suas ideias”, explica a gerente de Educação e Cultura do SESI Bahia, Cléssia Lobo.
Coordenador do programa de Iniciação Científica da Rede SESI, o professor Fernando Moutinho explica que o espaço do laboratório é usado para desenvolver competências e habilidades que vão além de experiências científicas. “O programa de iniciação científica e a inserção do estudante no desenvolvimento soluções para aplicações reais permitem que a gente trabalhe inovação e empreendedorismo – no sentido da capacidade de mobilizar recursos e pessoas para atingir um objetivo e colocar as hipóteses em prática”, detalha Moutinho. Para ele, neste ambiente, o estudante desenvolve capacidades socioemocionais, aprende a gerir conflitos, improvisar materiais e métodos, a lidar com a diversidade, além de exercitar a proatividade, o trabalho em equipe e habilidades técnico científicas.