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Artigo

Jubileu de ouro no ensino e na indústria

Adary Oliveira

17/08/2022 06h27

Foto: Divulgação 

Na semana passada fui convidado a participar de um almoço de comemoração dos 45 anos de formatura da segunda turma graduada pela Escola de Administração de Empresas da Bahia (EAEB). Falou ao telefone Lindolfo Porto Neto em nome dos colegas que já haviam me concedido destaque de Homenageado Especial na solenidade de formatura. Na ocasião me disseram que desejavam me eleger paraninfo, mas o professor Linhares não permitiu por eu já ter sido escolhido para essa honraria pela primeira turma, e deveriam renovar na opção. Na época eu estava em São Paulo cursando o mestrado em administração de empresas na FGV e vim para Salvador todo orgulhoso.

Compareci ao almoço (06/08) e reencontrei os ex-alunos já idosos e com as alegrias de sempre abraçando o mestre agora oitentão. Eu havia lecionado para eles sete disciplinas e tinha sido um professor muito exigente. Eles nunca deixaram de ser meus amigos por isso e não me condenavam por tê-los feito estudar. Pelo contrário, gostavam de minhas aulas. Aproveitei o momento de celebração para recordar períodos áureos de suas vidas e da Bahia. Se nas salas de aula suas vidas iam mudando de trajetória, pelos conhecimentos que estavam adquirindo e amizades puras e duradouras que eram acolhidas, do lado de fora a Bahia estava vivendo umas das maiores transformações de sua história econômica.

Dias antes (02/08) eu estava recordando a primeira aula da EAEB, lecionada por mim, na faculdade fundada por Manoel Barros que foi apelidada de Trabuco, passou a se chamar FACS e deu origem à Universidade Salvador (Unifacs), há exatos 50 anos. Em abril daquele mesmo ano de 1972, estava chegando ao Rio de Janeiro a missão japonesa que iria traçar o projeto conceitual do Polo Petroquímico. Ary Silveira, que vive em Salvador, já estava integrado ao grupo e em janeiro de 1974 desembarcou em Camaçari com sua equipe para iniciar os serviços de terraplenagem. Não havia calculadora eletrônica nem computador, mas o prazo de construção das 26 fábricas foi cumprido com precisão e o orçamento ficou limitado aos US$ 6 bilhões previstos. A graduação da turma se deu em 1977 e no ano seguinte, no dia 29/06, o Polo Petroquímico foi inaugurado. A expectativa de mudança de vida desses cidadãos com a formatura se somou às esperanças de desenvolvimento da Bahia com sua entrada na era industrial.

Par se ter uma ideia do que isso representou para a Bahia, em 1975 existiam 12.729 funcionários públicos, e hoje esse número é superior a 300 mil. Muitos dos alunos dessa turma trabalharam no Polo e na administração pública, e com certeza colaboraram para a realização de inúmeros projetos aqui realizados. A Central de Matérias Primas do Polo era uma empresa estatal nominada Copene e comandada pela Petrobras. Para retratar o que significou todo o projeto basta dizer que ela deu origem à Braskem, hoje uma das maiores multinacionais da indústria petroquímica com 41 unidades fabris localizadas no Brasil (Rio Grande do Sul, São Paulo, Bahia, Alagoas), México, Estados Unidos e Alemanha. Isso para dizer que um povo que já fez isso pode fazer muito mais.

É bom sempre lembrar que para que essas coisas continuem acontecendo é preciso que agora, mais do que antes, saibamos escolher os governantes que traçarão nosso destino, já que estamos a menos de dois meses das eleições majoritárias e representativas das casas legislatórias federais e estaduais. Sabemos que a bola da vez no jogo internacional de geração da nossa riqueza é o agronegócio, e temos demonstrado competência nesse particular. Mas não devemos deixar de aproveitar as oportunidades avançando com a melhoria de nossa educação e de edificarmos uma indústria moderna, produtiva e densamente tecnológica.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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