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Gestão

Leilão decide que construtora fará túnel Santos-Guarujá

Com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões, o projeto será executado por meio de concessão patrocinada

05/09/2025 11h36

Foto: Divulgação

O leilão de concessão para as obras do Túnel Santos–Guaruja - maior obra do Novo PAC e o primeiro túnel submerso da América Latina – será realizado às 16h desta sexta-feira (5) pelo Ministério de Portos e Aeroportos (MPor), a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e o governo de São Paulo. O certame ocorrerá na sede da B3, em São Paulo.

Com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões, o projeto será executado por meio de concessão patrocinada, que garantirá a construção e operação do túnel submerso entre as duas cidades do litoral paulista. A nova passagem terá 1,5 quilômetros de extensão, sendo 870 metros imersos, com três faixas por sentido, incluindo uma exclusiva para o Veículos Leves sobre Trilhos, além de acessos para pedestres e ciclistas.

Atualmente, a travessia entre Santos e Guarujá recebe diariamente cerca de 21 mil veículos, 7,7 mil ciclistas e 7,6 mil pedestres, que utilizam balsas e catraias. A nova infraestrutura trará mais rapidez, conforto e segurança para a população.

A concessão terá 32 anos de vigência, prorrogáveis, e contará com a fiscalização da Antaq, em parceria com a Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) no acompanhamento do contrato.

“O túnel Santos–Guarujá é uma das obras mais emblemáticas do Novo PAC e marca um novo tempo para a mobilidade urbana e a infraestrutura do Brasil, que agora se torna realidade com o esforço conjunto dos governos federal e estadual. Essa obra vai encurtar distâncias, gerar empregos, fortalecer o turismo, dinamizar a economia local e ampliar a eficiência logística do Porto de Santos. É o Brasil avançando com planejamento, inclusão e desenvolvimento regional”, disse Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos.

O que vai mudar para quem vive nas duas cidades

Milhares de pessoas cruzam o canal todos os dias, seja por balsas, embarcações ou trajeto rodoviário, o que pode levar até uma hora. Com o túnel, o tempo gasto na travessia deve cair para cerca de dois minutos. Hoje, turistas e moradores dos dois municípios levam entre 8 e 60 minutos.

A estrutura de seis faixas de tráfego (três por sentido) trará fim à espera nas filas das balsas e à dependência de deslocamentos longos por veículos, o que tornará o cotidiano menos estressante para quem precisa transitar entre as duas cidades.

Com isso, a população poderá acessar com mais facilidade postos de saúde, escolas, universidades, áreas comerciais e de lazer, o que contribui para o bem-estar e para a integração entre as cidades. A obra também tem potencial de gerar milhares de empregos diretos e indiretos, tanto na fase de construção quanto na operação do túnel.

Além de melhorar a mobilidade e a qualidade de vida, a construção do túnel deve ter forte impacto sobre a economia da Baixada Santista. A ligação fixa entre Santos e Guarujá deve impulsionar o comércio, atrair investimentos, fortalecer o turismo e ampliar a capacidade logística da região.

Caminho até a definição

Os registros sobre a construção de uma ponte ou túnel entre Santos e Guarujá datam de 1927. Desde então, uma única certeza se manteve: a obra é considerada essencial para a mobilidade da população e para o desenvolvimento do Porto de Santos.

Apesar da relevância, os projetos não resistiram às mudanças de governo e às crises econômicas. Foram diversas as propostas, estudos e maquetes, tanto de pontes quanto de túneis, que nunca saíram do papel.

A definição pelo túnel como modelo de travessia só ocorreu em 2014, após novos estudos técnicos. Desde então, mesmo com alternância de governos, o projeto seguiu alinhado aos interesses das esferas estadual e federal, que vão dividir os custos da obra.

  • 1927: O arquiteto Enéas Marini apresentou o primeiro projeto submerso para construção de uma ponte ligando Santos ao Guarujá.
  • 1948: Surgiu a proposta de uma ponte levadiça, que permitiria o trânsito sem interromper a navegação. A ideia foi arquivada.
  • 1950: Foi apresentado um projeto de ponte sobre o estuário.
  • 1954: Manchetes de jornais da época anunciaram um túnel submerso como solução para a mobilidade.
  • 1973: Na virada dos anos 1970 para os 1980, a obra voltou a ser cogitada. Porém, a dívida externa e a escassez de crédito internacional dificultaram a execução do projeto.
  • 1999: O tema do túnel retorna ao planejamento urbano e volta a ganhar repercussão na imprensa.
  • 2010: O projeto é relançado como “o sonho de uma vida” para a Baixada Santista.
  • 2014: Novos estudos definem o traçado atualizado do que seria o primeiro túnel submerso da América Latina.
  • 2023 (22 de novembro): O projeto foi qualificado no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) do governo federal.
  • 2024 (16 de fevereiro): Celebração do Acordo de Cooperação Técnica (ACT) para construção do Túnel Santos-Guarujá. 13 de março: início da consulta pública para contribuições e sugestões ao projeto.
  • 2025 (25 de abril): O projeto do túnel foi promovido em missão internacional na Europa, destacando sua tecnologia inédita. 5 de setembro: governo federal realiza o leilão do túnel Santos-Guarujá, na B3, em São Paulo.