05/08/2021 06h03
Foto: Ilustrativa
Ao longo dos tempos, o conceito de desenvolvimento foi sendo construído e modificado, dependendo, principalmente, da evolução da consciência social dos povos.
Assim, até o séc. XIX tratava-se de “Crescimento econômico” como sendo a geração e acumulação da riqueza, seja pelas pessoas como pelas nações.
A partir daí entra em voga a ideia de “Desenvolvimento econômico”, ou seja, a geração e distribuição dessa mesma riqueza.
Hoje esses conceitos evoluíram para o de “Desenvolvimento sustentável”, que preconiza a conciliação do desenvolvimento econômico com o desenvolvimento socioambiental.
Mas, o que é essa tal “sustentabilidade”? Segundo o Relatório Brundtland (ONU, 1987), “...é o desenvolvimento que atenda às necessidades atuais sem comprometer a capacidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades”.
Já segundo Lynn Kahle e Eda Gurel-Atay, “Sustentabilidade pode ser definida como a prática de manter processos de produtividade indefinidamente – naturais ou feitos pelo homem - substituindo recursos usados por recursos de igual ou maior valor, sem degradar ou ameaçar os sistemas bióticos naturais”.
Ou seja, é não impedir que as gerações futuras tenham a possibilidade de usufruir de um planeta igual ou melhor do que este em que vivemos. E é um assunto que tem sido pauta onipresente hoje em dia.
Para balizar essa discussão, alguns fatores devem ser considerados:
Uma forma de compor e comparar o impacto de diferentes operações, produtos ou serviços, em relação a esses fatores sobre o meio ambiente é o que se convencionou clamar de “Pegada Ecológica” (ou “Pegada Ambiental”).
Pegada Ecológica é a medida do impacto ambiental gerado por um produto ou serviço ao longo de seu ciclo de vida.
Com o fim de reduzir o impacto de produtos e serviços (Pegada Ecológica Direta) e levando em conta as atividades da cadeia de fornecimento (Pegada Ecológica Indireta), calcula-se a Pegada Ecológica.
O cálculo é baseado na metodologia de análise do ciclo de vida do produto e segue as etapas determinadas nas normas internacionais da série ISO 14040 (Gestão Ambiental). A metodologia quantifica as diferentes sub pegadas, tais como a Pegada Hídrica, a Pegada de Mudança Climática, a Pegada Atmosférica, a Pegada de Ruído, a Pegada de Resíduos, a Pegada de Biodiversidade e a Pegada de Solo.
A Pegada Ecológica permite analisar o desempenho ambiental de uma empresa e sua evolução no tempo, inclusive em comparação ao de outras empresas, de forma a planejar as ações necessárias para reduzir o impacto ambiental e melhorar a gestão ambiental da organização.
Como o intuito de conscientizar as pessoas para a importância e dimensão do assunto, existem disponíveis algumas calculadoras de Pegada Ecológica que, a exemplo com o que ocorre com as empresas, permitem a comparação do impacto ambiental de diferentes estilos de vida. Se tiver curiosidade, teste esta: www.pegadaecologica.org.br.
É evidente que a atividade logística impacta (e é impactada por) muitos dos fatores acima elencados, na medida em que atende às necessidades da massa populacional como um todo.
Assim, para falar apenas do transporte, pode-se listar a queima de combustível, o uso de graxas e lubrificantes, de pneus e de água para limpeza e lavagem, como fatores que o elevam à condição de grande consumidor de recursos naturais e efetivo poluidor do meio ambiente. A operação logística tem, portanto, uma “Pegada Ecológica” desfavorável.
Nesse sentido é que se entende a necessidade de uma nova visão da operação logística, de forma a adequá-la às necessidades da sociedade contemporânea, preocupada, justamente, com a sustentabilidade. Surge, assim, o conceito de Logística Sustentável (ou Logística Verde).
A Logística Sustentável ocupa-se de compreender e minimizar os impactos gerados pelas atividades logísticas, sejam eles econômicos, ecológicos ou sociais, tais como:
Para mitigar esses impactos, alguns elementos de mudança são propostos:
Está claro que todas essas alterações impõem um trade off em relação aos custos. Mas, assim como o que ocorre com o ESG, a única escolha a fazer é em que momento iniciar as modificações nas operações, uma vez que o movimento nesse sentido é inexorável.
Para convencer quem ainda não atentou para a importância de implementar, ou mesmo dar andamento a providências de preservação do meio ambiente e de recuperação dos impactos de sua operação, vale agregar certas informações, sob os seguintes pontos de vista:
Entendemos que, tudo considerado, não há mais desculpa para não iniciar um programa de sustentabilidade na sua organização.
Mauricio Prieto é sócio diretor da Synerhgon, empresa de consultoria multidisciplinar com foco no resultado.
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