06/07/2021 11h08
Foto: Divulgação
Conhecida como a capital nacional do petróleo, Macaé, no Norte Fluminense, deverá entrar também no rol da indústria ferroviária com a construção de uma fábrica de locomotivas, a partir de janeiro de 2022, pela empresa belga John Cockerill. O objetivo da companhia, que já atua na cidade desde 2014, mas no ramo de óleo e gás, é ter no Brasil sua segunda base de fabricação de locomotivas, hoje restrita à sua matriz em Seraing, na região de Liège, na Bélgica.
O empreendimento, que deve levar seis meses para ficar pronto, foi projetado, a princípio, para atender à encomenda de 12 locomotivas de manobra 700 HP, diesel-elétricas, de um contrato fechado no início deste ano entre a John Cockerill e uma empresa do ramo de siderurgia. A multinacional não revela o nome do cliente, mas, segundo fontes do setor ferroviário, trata-se da Gerdau, cujos principais produtos siderúrgicos têm origem na usina de Ouro Branco (MG).
Presente no Brasil desde 2005, quando chegou para instalar a planta da ArcelorMittal, em São Francisco do Sul (SC), a John Cockerill tem sua sede brasileira em Joinville. Nove anos depois, a empresa se instalou em Macaé para atender ao mercado offshore com serviços de manutenção de equipamentos e construção, além de montagem de plantas industriais.
A expertise em fabricação e manutenção de locomotivas, porém, existe desde a origem da empresa, no século XIX, quando fabricava diversos modelos a vapor, destinados tanto à indústria quanto para sistemas de transporte de passageiros sobre trilhos. Da matriz belga são exportadas locomotivas para diversos países, tendo Congo e Costa do Marfim, na África, como alguns dos destinos mais recentes. A multinacional também atua na manutenção de trens de alta velocidade na própria Bélgica e na França.
Segundo Marcelo Amado, gerente da Divisão Oil & Gás da John Cockerill no Brasil, a decisão de construir uma fábrica no Brasil foi tomada principalmente pelos custos menores em relação à fabricação na Europa, em razão da diferença de câmbio. “Essas locomotivas seriam fabricadas na matriz, na Bélgica. Devido à desvalorização do real frente ao euro, a gente chegou à conclusão que seria melhor montar aqui em Macaé, onde temos uma unidade grande”, relata.
A fábrica será construída no mesmo local onde já funciona a empresa, no bairro Novo Cavaleiros. No terreno com 13.800 m², serão instalados um galpão e 50 metros de trilhos, para testes e manobras. Como já há uma grande caldeiraria, a maior parte da estrutura das locomotivas deve ser feita em Macaé, enquanto outros componentes seriam adquiridos majoritariamente no mercado interno. “Temos um grande fabricante de motores elétricos no Brasil, por exemplo, que é a WEG. Também temos alguns fabricantes de eixos de rodagem em Minas Gerais…”, cita Marcelo, acrescentando que só a tecnologia e alguns outros componentes viriam da Europa.
A companhia, entretanto, já tem planos para além dessa encomenda inicial e mira o mercado externo. “O projeto completo, para entregar todas as 12 locomotivas, vai durar cinco anos. Mas ainda não temos esse cronograma certo. A ideia, no entanto, é que isso cresça. Hoje, está muito mais barato fabricar aqui e exportar”, explica Marcelo.
A expectativa é que a fábrica gere mais de cem empregos diretos. Segundo o gerente, a supervisão da fabricação deve ser feita por funcionários estrangeiros, mas mais de 90% das vagas que surgirem devem ser preenchidas por profissionais locais.
Fonte: Revista Ferroviária