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Editorial

O outro (bom) lado do Rei Momo

O Carnaval tem se tornado, cada vez mais, uma importante data para a economia

19/02/2020 15h11

O som dos trios elétricos, o ronco da cuíca e as batidas dos tambores já invadiram as ruas das principais cidades brasileiras desde a semana passada, uma vez que de há muito o Carnaval não está mais restrito aos tradicionais quatro dias de antigamente, quando a festa começava apenas no sábado e era encerrada nas primeiras horas da madrugada da Quarta-feira de Cinzas. O Rei Momo teve seu reinado antecipado e seus súditos saem da folia cada vez mais tarde.

Mas, para além das fantasias, da alegria incontida provocada pelos esfuziantes ritmos que não deixam ninguém parado, o Carnaval tem se tornado cada vez mais uma importante data para a economia, uma vez que ao redor de blocos, camarotes e escolas de samba funciona toda uma infraestrutura que rende muito dinheiro para empresas e contribui para minorar as dificuldades dos comerciantes, sejam eles grandes, pequenos ou mesmo apenas vendedores ambulantes. E até quem aproveita os dias para fugir da agitação momesca também proporciona renda extra, pois também há muito tempo o Carnaval deixou de ser apenas um bom feriado para viajar e esquecer os problemas, livre do estresse do trabalho e das responsabilidades do cotidiano.

De acordo com os analistas de plantão, o feriado carnavalesco é um dos mais impactantes do país, responsável por movimentar boa parte da economia em setores como turismo e negócios, influenciando positivamente no cenário econômico geral do país pelo resto do ano. Basta ver que, segundo pesquisa divulgada esta semana pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o carnaval brasileiro deve render este ano R$ 6,78 bilhões ao país, número que aumenta em 2%, em termos reais (descontada a inflação), a receita dos serviços de turismo no Brasil.

Detalhando mais os números da pesquisa, verifica-se que, por causa do Carnaval, o turismo vai gerar 23,6 mil postos de trabalho temporário, em janeiro e fevereiro, em áreas como transporte, hospedagem, alimentação, o que significa uma alta de 23,4% em relação ao mesmo período de 2019 (19,1 mil vagas). O segmento de serviços de alimentação, com 18,4 mil vagas ofertadas, deve responder por 78% das oportunidades criadas para o carnaval.

Os estados do Rio de Janeiro e de São Paulo deverão apresentar os maiores faturamentos no feriado prolongado do Carnaval (R$ 2.094,3 bilhões e R$ 1.895,9 bilhão, respectivamente), por dois fatores distintos: o Rio por ser o que mais atrai visitantes e São Paulo por ser aquele que mais exporta turistas para outras regiões. Juntos, os dois estados serão responsáveis por 62% da movimentação financeira no período do carnaval. Logo abaixo estão Minas Gerais (em terceiro lugar), com receita de R$ 615,5 milhões, e Bahia, com R$ 561,9 milhões.

Como se vê, pela importância econômica que possui, a festança carnavalesca precisa ser vista pelos governantes e autoridades de Brasília e dos Estados, cada vez mais como uma grande oportunidade de negócios e de geração de renda. A exigir um planejamento muito bem feito, de modo a fazer com que turistas e moradores locais sigam estimulados a aproveitar da melhor maneira possível o período, tanto aqueles que só querem saber da folia, sambando ou pulando atrás dos trios elétricos, como os que deixam a muvuca de lado para curtir a tranquilidade das praias ou dos campos.

Rei Momo não é, portanto, apenas uma figura folclórica a animar a festa. É, também, um grande parceiro da área econômica.