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Artigo

O que esperar para o segmento de logística após a pandemia

Sérgio Maia

11/10/2020 20h00

Foto: Divulgação

A crise está fazendo o setor repensar seus modelos e negócios de trabalho, utilizando suas vivências para analisar, entender e buscar adaptar-se rapidamente às novas necessidades do mercado, sem perder eficiência e o foco nos resultados. Concordo que não existe o novo normal, apenas as tendências e inovações, principalmente em tecnologia, que tiveram de ser antecipadas.

A colaboração de todos, neste momento, é fundamental para a execução de um bom trabalho de equipe, onde o papel e as habilidades do líder são fundamentais para catalisar estas mudanças e dar suporte para equipe, dando segurança para os liderados, não deixando eles perderem o foco e aguentarem firme esta turbulência da pandemia mundial.

As habilidades dos líderes são mais humanas, do que técnicas, neste momento de caos e muita incerteza. O líder precisa assumir suas fragilidades, por ser humano, inclusive pedindo apoio da equipe, pois não há respostas para todas as situações inusitadas que estão ocorrendo no mercado de logística, neste momento.

Infelizmente, o brasileiro e o latino-americano têm uma certa dificuldade de colaborar com o colega quando o assunto é empresarial e profissional. A pandemia está quebrando este paradigma, e fazendo as pessoas entenderem que os processos colaborativos podem e devem melhorar a cadeia como um todo. Não só profissionais, como empresas ajudando umas às outras para conseguirem manter-se “vivas” e mais fortes no mercado, este é um dos maiores legados que a pandemia poderá deixar.

A relevância de um bom planejamento estratégico e uma forte governança são cruciais para as empresas atravessarem este momento. Líderes precisam ter coragem, sensibilidade e porque não dizer compaixão com suas equipes. A síndrome de Burnout aumentou nos colaboradores das empresas. Estes dados estão em várias fontes da internet, não apenas em profissionais de saúde.

Então, os líderes precisam entender que os liderados estão atravessando um período de bastante angústia e tensão (conflitos: trabalho, família, filhos, medos e incertezas). Precisam não apenas serem cobrados por resultados, mas sentirem o apoio dos seus líderes, sendo, inclusive, afáveis e amorosos, com suas equipes, buscando saber como estão as pessoas, quais são as suas dificuldades para atravessarem esta fase e o que eles podem proporcionar para suavizarem este momento, quer seja com lições, apoio espiritual, terapia on-line, fazer lives com os liderados sobre suas experiências no isolamento. Enfim, ser mais humanos, pois não podemos esquecer que às reuniões virtuais invadiram inclusive a privacidade das pessoas, pois as nossas casas e rotinas são muitas vezes compartilhadas em público com os colegas, durante as reuniões, mesmo que não desejemos. Quem esperava isto?

Como muitas empresas não têm o hábito de fazer planejamento preditivo, análise de cenários futuros e de riscos, até por não ser cultural no mercado latino americano, as poucas empresas que fizeram isto estavam mais preparadas e as que não fizeram, têm que começar a fazer este dever de casa, pois esta pandemia não deve ir embora muito rápido.

A adaptação ao novo é outra capacidade muito exigida, neste atual momento. Quem é mais flexível e inovador, consegue sair na frente neste cenário.

Tecnologia, as empresas que já contavam com uma base mais sólida deste recurso, conseguiram sair na frente, e as demais estão tendo que adaptar-se, e rápido, às ferramentas tecnológicas que minoram e auxiliam o trabalho remoto e com dados precisos para a tomada assertiva de decisões.

Muitas empresas montaram comitês de crise, pois duas ou mais cabeças, sempre conseguem achar melhores as soluções, mesmo com “craques” na equipe, e nisto os líderes, ou coachings, têm um papel relevante. Muitas vezes o líder não precisa ensinar o liderado a trabalhar. Ele apenas precisa direcionar, orientar, acalmar, dar segurança para o trabalho em grupo e estabelecer a tática que o mesmo precisa encaixar-se para melhorar o trabalho do time, alcançar um melhor resultado. É exatamente o que os grandes técnicos de futebol fazem com suas equipes, que possuem craques no elenco, ou vocês acham que o técnico Mourinho ensinava Cristiano Ronaldo à jogar bola? Claro que não, ele apenas direcionava, usava táticas e alocava o talento dele da melhor forma possível, treinando a equipe e não o jogador especificamente, além de dar apoio emocional, quando preciso.

A Logística 4.0 e os estoques 4.0, este último pautado basicamente em 4 pilares: Conectividade, Qualidade da Informação, Sistemas Autônomos e Apoio à decisão são outros pontos que aceleraram nesta crise. As empresas que já vinham se preparando e realizando tarefas alinhadas com estas questões, lógico que saíram na frente durante a pandemia, pois a digitalização está rapidamente mudando o ambiente de gestão.

As empresas, de um modo geral, voltaram-se mais para o B2C, além do B2B, o crescimento do e-commerce é uma prova disto. O last mile eficiente, no transporte, é um diferencial. Há empresas que já estão fazendo entregas de e-commerce no mesmo dia do pedido, com uma logística bem ajustada, contando com diversos equipamentos e formatos de entregas na última milha (last mile). Inclusive, com carros de passeio, táxis, uber´s, enfim, muitos agregados e veículos diferentes, além de excelentes roteirizações e dados concisos para análise, retroalimentação de informações e melhora de performance, pois não se pode perder a velocidade de vendas de e-commerce nas entregas (transportes).

Outro segmento que mostrou muita força neste momento foram as entregas por bike, para os atendimentos de pequenas distâncias, além dos estoques avançados em lojas, ao invés de todas as mercadorias saírem dos CD´s, pois ganha-se tempo na entrega, roteirizando à partir do ponto de estoque mais próximo do ponto do pedido. Os drones, já são uma realidade, e não apenas desenhos dos Jetsons. Amazon é um exemplo desta realidade. Inúmeros testes estão sendo feitos com estes equipamentos, que irão revolucionar e acelerar as entregas aos clientes.

Como cantava o músico Lulu Santos: “Tudo muda, o tempo todo”. E, quem não enxergar, inovar, adaptar-se rápido, irá literalmente “ficar para trás”, no mercado de logística e neste mundo ágil em que estamos vivendo. Muitos projetos já possuem autogestão, sem a presença constante do líder, assim como em outras atividades econômicas, pois inclusive o momento exige tomada de decisões mais rápidas do que perfeitas.

Sérgio Maia - Profissional e consultor da área de Liderança em Logística e Operações.