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Artigo

O Tecon Salvador chega a maior idade: 21 anos

Augusto Cezar Ribeiro Costa

15/03/2021 17h00

Foto: Tecon Salvador - Divulgação

Lá por volta do ano 2000, a centenária empresa baiana Wilson Sons arrematou em leilão a área onde funcionava o terminal de contêineres do Porto de Salvador, carinhosamente apelidada por nós portuários de TECSAL.

Na verdade, o TECSAL, de terminal de contêineres tinha muito pouco a oferecer em termos de atrativos para que os armadores aportassem seus navios por essas bandas. Equipamentos obsoletos, profundidade de cais inadequado, sistema de logística nem pensar, além de produzir rendimentos operacionais muito aquém do desejado.

Foi aí que surgiu o Tecon Salvador, unidade de negócio do grupo Wilson Sons, criada para ser uma sociedade de propósito específico, com o objetivo de “mudar a cara” daquele terminal, até então tímido e carente. Foi um início trabalhoso e de muita luta, especialmente nos dois primeiros anos, visto que a empresa começava praticamente do zero em termos de equipamentos e instalações adequadas. O que encontrou de início foram alguns guindastes de pórtico que de tão antiquados um deles era denominado por “o Belo Antônio” (quem assistiu o filme italiano sabe a que me refiro), além de poucas empilhadeiras que levavam mais tempo em reparos nas oficinas que em operação.

Pouco mais de dois anos a visão que se tinha do terminal era outra com a chegada dos primeiros portêineres, de um transtêiner e das empilhadeiras Reach Stackers, o que contribuiu para praticamente dobrar a capacidade operacional no terminal. A evolução foi tão rápida que durante esse mesmo período o Tecon Salvador já superava o volume anual de contêineres previsto no contrato assinado com a Companhia das Docas do Estado da Bahia - Codeba para efeito de movimentação mínima.

Nos primeiros dez anos de existência, o Tecon Salvador já era considerado um dos mais importantes terminais portuários do país e absorvia em torno de 80% de toda carga que era movimentado no Porto de Salvador. Aquelas montanhas de mercadorias que ficavam estocadas nos galpões do porto passaram rapidamente para o processo de conteineirização graças ao avanço do terminal em seus processos operacionais.

Ainda adolescente, o Tecon Salvador precisava crescer de forma atender a demanda cada vez maior dos modernos navios full contêineres que começavam a chegar aos portos do nosso litoral. Mas, além de encontrar pela frente as limitações físicas de um porto antigo com infraestrutura ultrapassada, passou a ser reprimida por um forte revés representado por forças contrárias, que combatiam sistematicamente a modelagem de negócio desenvolvido pela empresa.

Para superar obstáculos, em 2012 veio a aprovação para a primeira expansão da área e com ela a instalação de três portêineres Post Panamax e outros equipamentos de apoio bem mais modernos, RTGs, empilhadeiras, tratores etc. A implantação de um sistema operacional mais dinâmico contribuiu para a logística mais eficiente do terminal, com reflexos nas constantes evoluções tanto em nível de volume de contêineres movimentados, quanto através dos sucessivos recordes anuais aos expressivos avanços na produtividade da operação.

Ainda era pouco para quem veio para crescer e novos avanços se seguiram com a implantação do moderníssimo sistema de gerenciamento de operações o SPARCS/NAVIS N4, que é utilizado nos mais importantes terminais de contêineres no mundo. E junto com ele, mais recentemente, a aprovação de uma nova expansão desta feita não só de retroárea, mas, também que permitia a ampliação da extensão do cais e aumento da profundidade, para atracação de navios de maior calado. E com essa expansão veio nova remessa dos moderníssimos portêineres de última geração os Super Post Panamax e os RTGs elétricos.

E não para por aí. Os atuais investimentos que já beiram a R$ 1 bilhão, juntos aos que estão por vir, muito deles com recursos próprios, dobrou a capacidade do terminal, de 250.000 para 530.000 TEUs (unidade equivalente a contêiner de 20 pés). A previsibilidade de ampliação do terminal, com a construção adicional de 500 metros de cais e de 150.000 m² de retroárea, aumentará a capacidade para mais de um milhão de TEUs, o que atenderá seguramente e com folga a demanda atual e a pelo menos por uns dez anos ou mais.

Em termos de desempenho, dos módicos 75 mil TEUs movimentados nos primeiros anos, o Tecon fechou 2020 com 342 mil TEUs, e produtividade média de 85 movimentos/hora contra 25 a 30 movimentos/hora quando do início das suas operações.

O Tecon Salvador foi o primeiro terminal a ter a homologação para receber navios classe New Panamax 366m que podem chegar aos portos brasileiros com maior freqüência após a recente homologação do Porto de Santos para esse tipo de navio. A chegada trará vantagem competitiva ao terminal para manter e atrair novas rotas, atendendo clientes não só da Bahia bem como dos estados vizinhos em torno da sua hiterlândia, que poderão utilizar as instalações do porto da capital baiana.

Sou testemunho ocular que ao longo de toda a sua existência o Tecon Salvador sempre procurou investir no que há de melhor em equipamentos e sistemas de controle e automação disponíveis no mercado mundial, o que o torna capaz de atender com eficiência aos navios full-contêineres de maior porte que atualmente navegam nas costas brasileiras e por isso mesmo é considerado como um dos mais modernos terminais portuários do país.

De um acanhado garoto nos anos 2000, o Tecon Salvador chega a sua maior idade, robusto, mostrando que veio para ficar, gerando emprego e renda, além de contribuir de forma decisiva para o desenvolvimento da economia do nosso estado.

Eu que tive a oportunidade de acompanhar de perto sua gestação, seu nascimento e sua evolução durante os últimos 20 anos, deixo aqui um forte desejo de sucesso e prosperidade para os anos que se seguem, cumprimento pela sua maior idade e parabenizo a todos aqueles que fazem ou já fizeram parte da sua história.

Parabéns Tecon Salvador! E vida longa.

Augusto Cezar Ribeiro Costa – Estatístico, trabalhou 51 anos na Companhia das Docas do Estado da Bahia - Codeba e, atualmente, é diretor Administrativo-Financeiro do portal Modais em Foco.

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