24/01/2022 16h12
Foto: Divulgação
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse nesta segunda-feira (24) que seria perigoso assumir que a variante Ômicron do novo coronavírus, altamente transmissível, é a última cepa que surgirá e que o mundo está no fim da pandemia de covid-19.
Tedros afirmou, no entanto, que é possível neste ano sair da fase aguda da pandemia, em que a covid-19 representa emergência sanitária global, se estratégias e ferramentas como testes e vacinas forem utilizadas de forma abrangente.
Ao falar na abertura de reunião do Conselho Executivo da OMS, Tedros disse que desde que a Ômicron foi identificada pela primeira vez, há pouco mais de nove semanas, mais de 80 milhões de casos foram relatados à organização, mais que em todo o ano de 2020.
"As condições são ideais para que surjam mais variantes", acrescentou.
Ômicron mudou a pandemia
O mundo temia o pior quando uma nova variante do coronavírus surgiu no fim de novembro e se espalhou pela África do Sul em uma velocidade sem precedentes.
Mas dois meses depois, com a Ômicron dominando grande parte do planeta, a história mudou para algumas pessoas.
“Os níveis de preocupação com a Ômicron tendem a ser menores do que com as variantes anteriores”, disse Simon Williams, pesquisador em atitude e comportamento público em relação à covid-19 na Universidade de Swansea. Para muitos, “o ‘medo da Covid’ é menor”, comentou.
A menor gravidade da Ômicron em comparação com variantes anteriores e a percepção de que os indivíduos provavelmente serão infectados uma hora ou outra contribuíram para esse relaxamento das pessoas, afirmou Williams.
Isso fez com que alguns buscassem a doença de propósito para “pegar logo” – prática em nada recomendada pelos especialistas.
Contudo, alguns dentro da comunidade científica estão levemente otimistas que a Ômicron possa ser a última fase da pandemia, fornecendo “uma camada de imunidade” para boa parte do mundo e se aproximando de um estágio endêmico em que a covid-19 é similar a doenças sazonais, como resfriado ou gripe.
“Em minha opinião, ela está se tornando endêmica e continuará sendo endêmica por algum tempo – como aconteceu com outros coronavírus”, disse David Heymann, professor de epidemiologia de doenças infecciosas da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
“Todos os vírus tentam se tornar endêmicos e, para mim, esse parece que está conseguindo”, afirmou.
A covid-19 evoluiu de forma bastante imprevisível e, segundo especialistas, a variante que substituiu a Delta poderia ter sido muito pior.
No entanto, o mundo acabou com uma cepa dominante que está infectando a população com facilidade, sem causar o mesmo grau de hospitalizações, doenças graves e mortes que as variantes anteriores causaram.
Especialistas alertam que pode haver retrocessos ao longo do caminho: assim como o surgimento da Ômicron foi inesperado, a próxima variante pode apresentar um risco mais sério à saúde pública e adiar o fim da pandemia.
Além disso, muitos países ainda podem enfrentar hospitais sobrecarregados devido à atual onda da Ômicron, especialmente onde a cobertura vacinal é baixa.
Mesmo assim, em grande parte dos países ocidentais tem surgido uma urgência política para devolver às sociedades um senso de normalidade, e a transmissibilidade da Ômicron tem forçado líderes a escolher entre reverter as medidas de saúde pública, ou correr o risco de paralisar a força de trabalho e a economia.
E mais: pela primeira vez desde que a covid-19 surpreendeu o mundo no início de 2020, alguns epidemiologistas e líderes estão dispostos a considerar a ideia de que o vírus possa estar se encaminhando em direção a um status endêmico.