Apesar do tom levemente otimista, prevendo um pequeno aumento da atividade econômica mundial para 2020, um relatório produzido pela Organização das Nações Unidas (ONU), denominado Situação Econômica Mundial e Perspectivas traz preocupações para os brasileiros. Isto porque, embora preveja que a economia global possa crescer 2,5%, os economistas da ONU também antecipam ser provável um aumento das tensões comerciais, turbulência financeira, o que geraria ampliação das tensões geopolíticas e, em consequência, poderia prejudicar os negócios bilaterais e impedindo a recuperação econômica prevista.

Torna-se evidente que, como acontece na luta do rochedo contra o mar quando a ostra leva o maior prejuízo, os maiores prejudicados no caso de mais um ano sem crescimento, ou de crescimento irrisório, na economia mundial seriam os países em desenvolvimento, mais dependentes de sua pauta de exportações do que as nações do Primeiro Mundo. Para o Brasil, o quadro pintado pelo relatório tem tons cautelosos.

Ao mesmo em que estimam uma recuperação gradual dos números nacionais,   de 1% para 1,7%, fruto de uma procura doméstica mais forte, os economistas da ONU alertam que a recuperação brasileira ainda é frágil e destaca a existência de incertezas, como a dúvida em relação à capacidade real para implementar as reformas necessárias e a confirmação ou não do crescimento nos principais parceiros comerciais, como Estados Unidos e China. O relatório nada fala em termos das instabilidades internas, mas todos os brasileiros bem informados sabem o quanto este tópico tem afetado os destinos do País, especialmente nos últimos anos.

O fato é que, o Brasil, pelas análises, deve se conduzir com muito cuidado nesse ano, para evitar que as previsões de recuperação da nossa economia sejam traídas por fatores internos ou externos. A cooperação global é cada vez mais necessária e precisamos, além de torcer para que o mundo recupere sua estabilidade, também fazer a nossa parte internamente, contribuindo para a pacificação dos ânimos e não gerando tensões que aumentem as divisões na população.

Afinal, somente com uma economia forte será possível alcançar metas tão desejadas por todos, que incluem um desenvolvimento sustentável, a redução dos índices de pobreza e o aumento da qualidade de vida de todos os brasileiros.