16/01/2023 09h40
Foto: Divulgação
A Oxfam, organização independente sem fins lucrativos, com atuação no Brasil desde 2014, vai recomendar no Fórum Econômico Mundial — encontro que reúne anualmente a elite econômica e política do mundo — o aumento da taxação dos super-ricos.
O Fórum de Davos começa nesta segunda-feira (16) e segue até 20 de janeiro, na Suíça. O Brasil estará representado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no encontro.
A recomendação coincide com a estratégia do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de reduzir as desigualdades no país e aumentar a tributação sobre a camada mais rica da população.
O que diz o relatório da Oxfam
Em relatório divulgado na noite de domingo (15), a Oxfam avaliou que, enquanto dezenas de milhões de pessoas enfrentam a fome ao redor do mundo e centenas de milhões enfrentam aumentos inviáveis no custo de produtos básicos ou no aquecimento de suas casas, os "muito ricos ficaram imensamente mais ricos, e os lucros das grandes empresas bateram recordes, gerando uma explosão de desigualdade".
Segundo a organização:
Realidade brasileira
No caso do Brasil, a Oxfam lembra que a alíquota do Imposto de Renda para os mais ricos, de 27,5%, é menor do que nos países mais desenvolvidos. Essa taxação incide sobre quem ganha mais de R$ 4.664,68 por mês.
"Isso se traduz em uma alíquota muito baixa para os super-ricos, em um país com altos níveis de desigualdade econômica e mais bilionários do que qualquer outro na América Latina", avaliou a organização.
Além disso, a Oxfam também lembra que abatimentos, deduções e mecanismos de crédito tributário "injustos" beneficiam "quem está nas faixas superiores de renda", e sugere que sejam "descartados". No Brasil, há abatimentos para saúde e educação no IR.
Outro ponto é que a taxação do IR não abrange boa parte dos rendimentos, pois, no caso de empresas, a distribuição de lucros e dividendos para pessoas físicas é isenta no país — algo que acontece desde 1996.
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) indica que apenas outras quatro nações não tributam esses rendimentos: Estônia, Letônia, Eslováquia e Romênia.
"No Brasil, por exemplo, eles nem são tributados, de forma que profissionais liberais, como médicos e jornalistas, podem abrir empresas e receber dividendos para reduzir os impostos devidos", observou a Oxfam.
Fonte: G1