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Gestão Pública

Pandemia empurrou 31 milhões para a extrema pobreza

Os números constam do relatório da Fundação Bill e Melina Gates

16/09/2021 08h52

Foto: Divulgação

Relatório divulgado pela Fundação Bill e Melina Gates mostra a pandemia da covid-19 empurrou 31 milhões de pessoas em todo o mundo para a extrema pobreza. No Brasil, 1,8% da população vivia abaixo da linha internacional de pobreza, ou seja, com US$ 1,90 por dia. Em 2019, esse percentual era de 1,1% e em 2018 era de 0,9%.

“No ano passado, foi impossível ignorar disparidades gritantes não apenas em quem ficou doente e quem morreu – mas também em quem teve que trabalhar, quem poderia trabalhar em casa e quem perdeu totalmente o emprego. As iniquidades em saúde são tão antigas quanto os próprios sistemas de saúde, mas foi necessária uma pandemia global para lembrar com força o mundo de suas consequências”, diz o relatório.

Para muitos, os impactos econômicos da pandemia continuam a ser graves e duradouros. “Sabemos que podemos parecer mensageiros improváveis ​​sobre esse assunto – somos duas das pessoas mais afortunadas do planeta. E a pandemia deixou isso ainda mais claro”, diz o texto divulgado pela fundação.

“Pessoas como nós, resistiram à pandemia em boas condições, enquanto aqueles mais vulneráveis ​​foram os mais atingidos e, provavelmente, serão os mais lentos para se recuperar. Outros 31 milhões em todo o mundo foram empurrados para a pobreza extrema como resultado da covid-19.”

Embora os homens tenham 70% mais probabilidade de morrer de covid-19, as mulheres continuam a ser desproporcionalmente afetadas pelos impactos econômicos e sociais da pandemia. Neste ano, o emprego feminino global deve permanecer 13 milhões de vagas abaixo do nível de 2019.

Embora as variantes ameacem minar o progresso, algumas economias estão começando a se recuperar, trazendo com elas a reabertura de negócios e a criação de empregos.

Mas a recuperação é desigual entre – e mesmo dentro – dos países. No próximo ano, por exemplo, estima-se que 90% das economias avançadas recuperem os níveis de renda per capita anterior à pandemia, enquanto apenas um terço das economias de baixa e média renda devem fazer o mesmo.

“Os esforços de redução da pobreza estão estagnados – e isso significa que quase 700 milhões de pessoas, a grande maioria em países de baixa e média renda, deverão permanecer atolados na pobreza extrema em 2030”, diz o relatório.

Educação

O relatório mostra ainda que antes da pandemia, nove em cada 10 crianças em países de baixa renda já eram incapazes de ler e entender um texto básico, em comparação com uma em cada 10 crianças em países de alta renda.

“As primeiras evidências sugerem que as perdas de aprendizagem serão maiores entre os grupos marginalizados. Crescentes disparidades educacionais também foram encontradas em países ricos”, diz o relatório.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a perda de aprendizagem entre alunos negros e latinos da terceira série foi, em média, o dobro de alunos brancos e asiático-americanos. E a perda de aprendizagem entre os alunos da terceira série de escolas de alta pobreza foi o triplo de seus pares em escolas de baixa pobreza.

Crianças vacinadas

As taxas de vacinação infantil de rotina global caíram para os níveis vistos pela última vez em 2005. Entre o início da pandemia e quando os serviços de saúde começaram a se recuperar no segundo semestre de 2020, mais de 30 milhões de crianças, em todo o mundo, não foram vacinadas. Isso representa 10 milhões a mais, por causa da pandemia. É possível que muitas dessas crianças nunca recuperem as doses.

“Mas aqui, os dados nos surpreenderam: um ano atrás, relatamos que o Institute for Health Metrics and Evaluation estava estimando que a cobertura vacinal cairia 14 pontos percentuais globalmente em 2020, o que significaria 25 anos de progresso pelo ralo. Mas, com base em dados mais recentes, parece que a queda real na cobertura da vacina – embora tenha sido devastadora – foi apenas a metade disso”, diz o relatório.

Vacina contra covid-19

A fundação destaca ainda que mais de 80% de todas as vacinas contra a covid-19 foram administradas em países de renda alta e média alta. Alguns conseguiram duas a três vezes o número de doses necessárias para cobrir suas populações, caso sejam necessários reforços para variantes cada vez mais infecciosas.

Enquanto isso, menos de 1% das doses foram administradas em países de baixa renda. “Essas desigualdades são um ultraje moral profundo – e aumentam o risco real de que países e comunidades de alta renda comecem a tratar a covid-19 como outra epidemia de pobreza: problema nosso”, diz o relatório.