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Gestão

Paranapanema fecha 3T22 com prejuízo líquido de R$ 317 milhões

Empresa admite dificuldade em manter a continuidade do negócio, o que afetaria diretamente o parque industrial baiano

16/11/2022 10h35

Foto: Divulgação 

O longo e complicado histórico de dificuldades da Paranapanema – maior produtora brasileira não-integrada de cobre refinado, vergalhões, fios trefilados, laminados, barras, tubos, conexões e suas ligas – ganhou, nos últimos dias, novos e preocupantes capítulos: a companhia anunciou que fechou o terceiro trimestre do ano com um prejuízo líquido de R$317 milhões, registrou uma queda de 61% em sua receita e atingiu um patrimônio líquido negativo de inacreditáveis R$1,621 bilhão. Se não bastasse, admitiu dificuldade em manter a continuidade do negócio, o que afetaria diretamente o parque industrial baiano. 

Em meio à crise, na última segunda-feira (14), Luiz Carlos Siqueira Aguiar renunciou ao cargo de diretor-presidente da metalúrgica. Assumirá o cargo Marcelo J. Milliet, sócio da consultoria Íntegra Associados e já atuou como CEO e CFO em empresas nacionais e multinacionais, como o Grupo Matarazzo, HBO Brasil, Traffic Marketing Esportivo, CIE Brasil/T4F, Cia Industrial Albertina e Renova Energia.

No balanço do terceiro trimestre, a Paranapanema destaca uma série de ganhos no período  como uma geração operacional de caixa positiva de R$ 91 milhões no 3T22, R$82 milhões acima de 3T21, redução de 6% nos custos fixos e ociosidade, aumento na utilização de matéria-prima reciclável no processo produtivo e o pagamento das parcelas da dívida ao longo de 2022.  Apesar desses avanços, a empresa continua altamente dependente de financiamento para seu capital de giro.

“A companhia tinha a expectativa da  entrada de recursos vindos de um banco de fomento no  3T22, fato que não ocorreu até o momento. Essa situação pode indicar a existência de incerteza relevante que pode levantar dúvida significativa quanto à capacidade de continuidade operacional da companhia e que faz a administração manifestar sua preocupação diante dos fatos apresentados”, admitiu a empresa no relatório do balanço do terceiro trimestre.

E tem mais: a Paranapanema projeta que em 31 de dezembro  não cumprirá com os indicadores de covenants (cláusulas contratuais que são estabelecidas pelo credor em um título de dívida) e que pretende solicitar o waiver (no jargão de mercado é um pedido de perdão por não cumprir uma meta) aos credores.  No entanto, a própria  companhia diz que “existe uma incerteza se isso será concedido”. Entre os principais credores da empresa estão o Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Scotiabank Brasil, Cargill Finance e BNP.

A Paranapanema  foi fundada em 1961 e tem capital aberto desde 1971, integrando o Novo Mercado da B3 desde 2012. Possui três unidades fabris. Na matriz, localizada em Dias D’Ávila, na Bahia, são produzidos cátodos, fios e vergalhões, além de coprodutos de cobre, como lama anódica e ácido sulfúrico.

De acordo com o anuário  Valor 1000, com uma receita de R$ 4,1 bilhões, a Paranapanema é hoje a quinta maior empresa da Bahia, atrás apenas da Braskem, Refinaria de Mataripe, Larco e a Companhia Brasileira de Fertilizantes (Cibrafertil).

Na unidade de Santo André (SP), onde também fica a sede fiscal da companhia, fabricam-se produtos de cobre e suas ligas, como laminados, tubos e barras. A terceira unidade fica em Serra (ES), onde são produzidas conexões de cobre. O CDPC (Centro de Distribuição de Produtos de Cobre Ltda.), controlada da Paranapanema, tem unidades na Bahia, em São Paulo e no Rio de Janeiro, e realiza a logística de distribuição.

Em dezembro de 2021,  a empresa concluiu um acordo de reestruturação financeira que lhe assegurou  alongar compromissos de pagamento da ordem de US$491 milhões até 2028. Foi  a quinta reestruturação em seis décadas. No segundo trimestre deste ano, a companhia  cumpriu o pagamento da segunda parcela da dívida reestruturada, no valor de aproximadamente US$25 milhões.