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Sustentabilidade

Patrimônio Mundial Marinho tem 1/5 do ecossistema de carbono azul

Evento da Unesco apresenta análise que marca o início da Década das Nações Unidas de Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável

02/03/2021 09h44

Foto: Divulgação

Pelo menos 21% do ecossistema do carbono capturado nas costas e nos oceanos do mundo pertencem às áreas do Patrimônio Mundial Marinho da Organização das Nações Unidas para a Educação Ciência e Cultura, Unesco.  

Com uma zona total inferior a 1% dos oceanos do planeta, esses locais conservam 15% dos ativos de carbono azul do mundo. Os dados são da primeira avaliação científica global desses habitats conhecidos pelo seu destacado valor ambiental. 

Nesta terça-feira (2), um evento da Unesco apresentará os detalhes da análise que marca o início da Década das Nações Unidas de Ciência do Oceano para o Desenvolvimento Sustentável com formas para preservar esses locais. 

O relatório Patrimônio Marinho Mundial da Unesco – Depositário dos Ativos de Carbono do Globo tem como autor principal o professor Carlos Duarte, da Universidade Rei Abdullah de Ciência e Tecnologia na Arábia Saudita. 

Em 2018, as reservas de carbono do Patrimônio Mundial Marinho retinham 10% das emissões globais anuais de gases de efeito estufa, evitando emissões de bilhões de toneladas na atmosfera.  

Reservas  

O especialista chamou a atenção para os riscos enfrentados por esses locais, explicando que “por armazenarem tanto carbono, os ecossistemas de carbono azul tornam-se fontes de emissão de CO2 quando degradados ou destruídos”. 

Duarte realçou ainda que a proteção e restauração desses ecossistemas oferece uma oportunidade única para mitigar as mudanças climáticas.  

Com a preservação dos ecossistemas de carbono azul, os grandes estoques de CO2 acumulados durante milênios podem ser protegidos porque “à medida que são restaurados, eles podem recuperar sua função como sumidouros de carbono.” 

O professor será um dos principais oradores da apresentação do estudo, juntamente com a especialista Fanny Douvere do Programa do Patrimônio Mundial Marinho da Unesco. 

Atmosfera  

Entre os desafios a estes ecossistemas marinhos estão a poluição, com problemas que vão desde o aumento do lixo plástico até às mudanças climáticas.  

A pesquisa da Unesco quantifica o valor do carbono e recomenda como manter a conservação dos sítios para orientar países, regiões e comunidades locais que procurem conservar suas áreas e definir estratégias de carbono azul. 

De acordo com cientistas, prados de ervas marinhas, pântanos e manguezais, conhecidos como ecossistemas de “carbono azul”, estão entre os “sumidouros de carbono” mais intensos.  

Nesse ambiente natural ocorre a captura do dióxido de carbono na biosfera, ajudando a mitigar as mudanças climáticas com a captura e reserva de quantidades significativas de CO2, tanto na atmosfera como no oceano. 

Estratégias 

O estudo aponta que o financiamento da conservação para ecossistemas de carbono azul em locais marinhos do Patrimônio Mundial poderia ser impulsionado por meio de estratégias de carbono azul. 

Com esses planos, a Unesco defende que os países ganhariam créditos de carbono por demonstrarem benefícios de restauração e conservação de ecossistemas danificados.  

A agência acredita que essa decisão ajudaria a restaurar serviços vitais e, de uma maneira crucial, apoiaria o cumprimento de compromissos nacionais do Acordo de de Paris sobre a mudança climática. 

Marinha protegida 

Somente um número limitado de países adotou estratégias de carbono azul em suas políticas de mitigação das mudanças climáticas. 

Estima-se que em nível global, os ecossistemas marinhos do Patrimônio Mundial Marinho abrangem uma área de 207 milhões de hectares. Essa dimensão corresponde a 10% de toda a área marinha protegida em 2020.