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Gestão

Petroleiros resistem à privatização da Refinaria Landulpho Alves

Ao longo de 71 anos, a refinaria foi ampliada e recebeu bilhões de reais em investimentos

18/09/2021 14h38

Foto: Divulgação

A primeira refinaria nacional que entrou em operação em 1950 completou 71 anos de existência na sexta-feira (17). A Refinaria Landulpho Alves (RLAM), localizada no município de São Francisco do Conde, foi um marco para o setor de petróleo no país, contribuindo para o desenvolvimento econômico e industrial do Nordeste e até mesmo do Brasil.

De acordo com Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro), nestas sete décadas, "foram milhões de empregos diretos e indiretos gerados e também impostos (royalties, ISS e ICMS), possibilitando o crescimento de muitos municípios, através da riqueza do petróleo."

"Riqueza esta que foi transformada em ações sociais, levando uma melhor qualidade de vida e bem estar, principalmente à população carente da Bahia. A RLAM como outras unidades do Sistema Petrobras, além de gerar lucro, desenvolveu durante anos um importante papel social.", diz a entidade. 

Segunda em capacidade instalada no país, a RLAM possibilitou, prossegue a Sindipreto, ainda o desenvolvimento do primeiro complexo petroquímico planejado do Brasil e maior complexo industrial do Hemisfério Sul, o Polo Petroquímico de Camaçari.

Ao longo desses 71 anos, a refinaria foi ampliada e recebeu bilhões de reais em investimentos, chegando a ser responsável pela produção de 30% da demanda do país e garantindo hoje o abastecimento da Bahia e outros estados do Nordeste.

Protesto 

Para marcar o aniversário da RLAM e também o da Petrobras, que no dia 3 de outubro fará 68 anos, os petroleiros programaram um  ato nacional, que vai acontecer na segunda-feira, 4, às 7h, em frente à RLAM, em São Francisco do Conde, na Bahia.

O ato, que contará com a participação de representantes da FUP, CUT, de vários Sindipetros, parlamentares e lideranças sociais e populares, é uma homenagem à grande e importante empresa que é a Petrobras, mas também é um protesto contra a política de privatização do governo federal, que está vendendo e colocando à venda diversas unidades da estatal, como as suas refinarias, a exemplo da RLAM.

Petrobras

A história da refinaria baiana, que em 2018, foi responsável por 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB) baiano e por 20% da arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do estado, foi interrompida.

"A RLAM, apesar da sua grande capacidade de processamento, está sendo vendida para um grupo de investidores árabes pela metade do seu valor de mercado", diz a entidade. 

"Com a refinaria, estão sendo entregues os seus terminais operados pela Transpetro (Candeias, Itabuna, Jequié e Madre de Deus), além de 669 km de dutos que integram a rede da refinaria, incluindo oleodutos que ligam a RLAM ao Terminal Madre de Deus, ao Complexo Petroquímico de Camaçari e aos Terminais de Jequié e Itabuna", continua. 

O coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar, aponta que o resultado negativo do desmonte e da privatização da Petrobras já pode ser sentido, citando o aumento nos preços dos derivados de petróleo, como a gasolina, gás de cozinha e diesel, resultado da política de preços adotada pela gestão da Petrobrás, que, na prática, produz em real, mas vende ao povo brasileiro em dólar.

A importância da RLAM 

A criação da Rlam foi impulsionada pela descoberta do petróleo na Bahia, a partir do Campo de Candeias, e pelo sonho de uma nação independente em energia.

Ao entrar em operação, antes mesmo da criação da Petrobras, a refinaria mudou a Bahia, que deixava para trás o modelo agrário, baseado na monocultura do café e rural, estabelecendo um novo ciclo econômico no estado apoiado na atividade industrial. Os trabalhadores, provenientes da pesca e da agricultura, aprenderam um novo ofício se transformando em petroleiros e mudando as suas vidas, de suas famílias e das comunidades onde viviam.

Na Rlam, são refinados diariamente 31 tipos de produtos, das mais diversas formas. Além dos conhecidos GLP, gasolina, diesel e lubrificantes, a refinaria é a única produtora nacional de food grade, uma parafina de teor alimentício, utilizada para fabricação de chocolates, chicletes, entre outros, e de n-parafinas, derivado utilizado como matéria-prima na produção de detergentes biodegradáveis.