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Transporte Terrestre

Plano ferroviário do governo prevê R$ 600 bi em investimentos

O governo procura destravar a expansão da malha, somando recursos públicos e privados

27/11/2025 07h55

Foto: Divulgação

O Ministério dos Transportes lançou o Plano Nacional de Desenvolvimento Ferroviário, para tentar destravar a expansão da malha, somando recursos públicos e privados.

Com previsão de R$ 140 bilhões diretos na infraestrutura de trilhos, os projetos podem somar R$ 600 bilhões, considerando os demais investimentos necessários para o pleno funcionamento do modal. O calendário estabelecido pelo Executivo prevê oito leilões ferroviários ao longo do próximo ano.

Entre os projetos previstos no calendário está a Ferrogrão, marcada por disputa judicial em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). A pasta de Transportes prevê a publicação do edital em maio e o leilão em setembro.

Para o Ministério dos Transportes, a expansão pretendida busca um modelo de transporte mais eficiente, sustentável e competitivo, modernizando a logística nacional, impulsionando a competição entre portos, o desenvolvimento econômico e a integração territorial. O plano introduz um conjunto de normas, diretrizes, parâmetros e métodos estruturais.

O ministro dos Transportes, Renan Filho, diz ter plena confiança na “financiabilidade” dos oito projetos ferroviários previstos para o ano que vem. A soma de R$ 140 bilhões deve ter aporte público, apoiada diretamente pelo BNDES na intermediação com investidores privados.

“O desafio não são mais rodovias, são ferrovias, pelo caráter de longo prazo. Mas com certeza tem financiabilidade”, afirmou durante evento de lançamento da carteira, solenidade realizada nesta terça-feira. O ministro disse que a financiabilidade de concessões rodoviárias, que já foi colocada em xeque, conseguiu ser superada e projeta o mesmo para as ferrovias.

“O investimento inicial em projetos ferroviários tem dificuldade pelo alto valor, mas depois é uma renda fixa acima do que remunera a renda fixa tradicional. Tem financiabilidade”, disse Renan Filho. Ele citou que concessionárias rodoviárias fizeram captação junto a fundos internacionais, um dos novos mecanismos explorado por investidores.

A participação do BNDES na estruturação dos projetos é apontada como um reforço de chances de sucesso da carteira. O banco de fomento, que atua em outras áreas de infraestrutura como saneamento e energia elétrica, afirma que fará o mesmo com ferrovias. Uma das ferramentas utilizadas é a operação de debêntures voltadas a financiar a infraestrutura. Essas debêntures são compradas por investidores.

A diretora de Infraestrutura, Transição Energética e Mudanças Climáticas do BNDES, Luciana Costa, disse em complemento ao ministro que o banco tem histórico que demonstra sua capacidade técnica de estruturar grandes obras de infraestrutura, com destaque para saneamento e energia elétrica.

“Por que não podemos fazer com ferrovias? Admitimos que temos desafios. O ciclo de investimento do capex é de dez anos, mas estamos seguros que temos conhecimento técnico para isso”, afirmou Luciana Costa. Ela defendeu que, quando o BNDES está em um projeto, o mercado sente maior segurança. “Somos um selo de qualidade para os projetos que estruturamos. Ancoramos expectativas.”

Calendário ferroviário

No calendário de leilões para 2026, o primeiro previsto é o Corredor Minas-Rio, em abril. Em junho, deve ocorrer a disputa pelo Anel Ferroviário Sudeste.

Em julho, está previsto o leilão da Malha Oeste e em agosto, o do Corredor Leste-Oeste. Três certames encerram a agenda, em dezembro: Malha Sul – Corredor Paraná – Santa Catarina, Malha Sul – Corredor Rio Grande e Malha Sul – Corredor Mercosul.

Ainda entre os projetos, há previsão de leilão da Ferrogrão, que tem custo estimado em R$ 25 bilhões, sendo R$ 8 bilhões na infraestrutura de trilhos e instalações. Apesar de o projeto ainda estar em discussão junto ao STF, o Ministério dos Transportes prevê o leilão para setembro.

Fonte: Estadão