13/12/2020 08h48
Foto: Divulgação
O Porto de Santos registrou, em novembro, a melhor marca de movimentação de contêineres da sua história. Mesmo durante a pandemia de Covid-19, cerca de 400 mil TEU (unidade equivalente a uma caixa metálica de 20 pés) entraram ou saíram do País pelo cais santista. Para o ano, a expectativa é de que o complexo marítimo movimente 145 milhões de toneladas de mercadorias.
“Foi o melhor mês da história do Porto de Santos na movimentação de contêineres. Estamos próximo à casa dos 400 mil TEU movimentados. É um marco muito importante e sinaliza a retomada da economia. Obviamente tem bastante exportação aí, mas também sentimos recuperação das importações. A indústria vem reagindo”, apontou o presidente da Santos Port Authority (SPA), Fernando Biral.
Para o Biral, as expectativas também são boas para o ano. “Temos recorde de movimentação, o Porto vem crescendo bastante. São quase 145 milhões de toneladas que serão movimentadas neste ano, essa é a projeção, um crescimento de quase 10%. Isso é fruto não só da nossa gestão técnica, mas também fruto de agronegócio e da nossa competitividade na exportação que foi retomada”.
BR do Mar
Para o próximo ano, a previsão também é de crescimento. “O BR do Mar vai trazer para Santos um volume adicional de contêineres em função da concentração de longo curso no Porto e depois o uso eficiente da cabotagem para que a gente possa melhorar competitividade logística no País. Isso não significa que caminhoneiros serão prejudicados, pelo contrário. A gente acredita que, quanto mais o comércio mundial crescer, quanto mais a gente puder deslocar os contêineres, mais isso vai fortalecer os caminhoneiros”, afirmou o presidente da Autoridade Portuária.
O projeto de lei 4.199, que cria o Programa de Estímulo ao Transporte por Cabotagem prevê ampliar a utilização do modal em todo o País. Hoje o transporte aquaviário responde por apenas 11% do total de cargas movimentadas no Brasil. Já o rodoviário, é o utilizado para o transporte de 65% das mercadorias.
Análise
Os portos brasileiros, sobretudo o de Santos, terão grande importância no processo de retomada da economia no cenário pós-Covid-19. No entanto, não estão livres do impacto negativo da pandemia, principalmente no que se refere ao transporte de turistas em navios de cruzeiro.
A previsão é do economista e professor universitário Hélio Hallite. Ele destaca que, apesar da redução das importações, por conta da alta do dólar e do desaquecimento da economia, o País nunca importou tantos fertilizantes.
Com isso, a expectativa segue alta para as próximas safras agrícolas, que impulsionam as exportações. “É fato histórico que, durante guerras e pandemias, os navios e os portos, além de não interromperem suas atividades, ainda mostraram índices de crescimento muito superiores aos dos outros setores da indústria, serviços e comércio. Como sabemos, em 2020 o agronegócio brasileiro supriu o aumento da demanda mundial. Carnes e café puxaram maiores movimentações de contêineres. O aumento acontece nas unidades e na tonelagem movimentadas, o que é uma prova que a economia está em recuperação. Portos e navios não se contaminam tampouco precisam de vacinas. Sempre superaram crises e recuperaram nações. A história que se repete”, destacou o especialista em comércio exterior.
Mesmo com a previsão de impulso das operações portuárias no cenário pós-Covid, há um segmento que deve ser seriamente impactado. Trata-se dos cruzeiros marítimos. Isto porque centenas de viagens foram canceladas desde março. E ainda há incertezas relacionadas à realização de embarques e desembarques na temporada 2020/2021.
Fonte: A Tribuna