16/03/2023 11h35
Foto: Portos do Paraná Claúdio Neves
Mesmo com os problemas registrados na BR-277 - o que vem gerando preocupação do setor produtivo no Paraná -, os portos de Paranaguá e de Antonina afirmaram que a movimentação segue em ritmo normal nos terminais. Dados da administração dos portos mostram que foi registrada alta de 6% nas exportações no primeiro bimestre do ano. Só em fevereiro, o aumento foi de 2%.
Nos dois primeiros meses de 2023, foram exportadas 5.343.918 toneladas de carga. No mesmo período no ano passado, foram 5.040.889 toneladas. Considerando apenas fevereiro, o aumento registrado foi de 2%: 2.893.147 toneladas em 2023 e 2.832.258 de toneladas em 2022.
A alta foi motivada pelo aumento das exportações de milho. Acompanhando a tendência nacional – o Brasil caminha para ser o principal exportador do produto – os embarques do cereal pelo Porto de Paranaguá subiram 243% no primeiro bimestre. Foram 1.397.325 toneladas. Em 2022, tinham sido apenas 406.889 toneladas.
Só em fevereiro, foram exportadas 189.872 toneladas de milho em 2023, contra 192.422 toneladas em 2022. A demanda da China pelo milho brasileiro, o conflito entre Ucrânia e Rússia, estoque e preço são fatores que justificam essa alta.
As exportações de óleo de soja registraram salto de 88% em fevereiro (174.292 toneladas X 102.323 toneladas) e 75% no acumulado de janeiro e fevereiro (305.079 toneladas X 192.279 toneladas). Já as remessas de grão e de farelo de soja caíram. O volume de chuva e o atraso na colheita impactaram a situação.
Em fevereiro de 2022, foram 1.095.865 toneladas de soja em grão e neste ano 453.595 toneladas. No bimestre, foram exportadas 1.810.712 toneladas em 2022 e 898.846 toneladas em 2023. Em farelo, foram exportadas 404.455 toneladas em 2023, contra 544.233 toneladas em 2022. No acumulado do bimestre, foram 807.812 toneladas carregadas neste ano, contra 889.398 toneladas no ano passado.
As exportações de açúcar a granel registraram alta de 3,4% em fevereiro e 8,2% no bimestre. Apesar de ser exportado em menor volume, o trigo também registrou evolução.
Em relação às chuvas, métrica bastante utilizada no setor porque inviabiliza algumas operações com grãos e farelos, foram registrados 9,8 dias de paralisação em janeiro e outros 4,9 dias em fevereiro, em 2022. Neste ano, foram 9,1 dias em janeiro, e 11,2 dias em fevereiro.
Expectativa de crescimento
Ainda conforme a Portos do Paraná, um comparativo nos números de movimentação também mostra que há margem para crescimento na operação nos próximos dias. Na quarta-feira (15), 18 navios encontram-se atracados. Dois operam contêineres, cinco descarregam granéis sólidos de importação, um carrega açúcar em saca, um leva pellets de madeira (Antonina), quatro, granéis líquidos, um embarca celulose e outros quatro carregam granéis de exportação (açúcar, milho, farelo de soja e soja em grão).
Sete outras embarcações já estão programadas para atracarem na sequência, nos berços indicados de acordo com o segmento (para carregar soja, milho e farelo, e descarregar fertilizante e malte). Outros 56 navios estão em espera e, segundo a administração dos portos, a fila é considerada natural no segmento. Até 24 de abril, mais 100 embarcações devem passar por Paranaguá e Antonina.
“Nem todos os navios que aguardam estão prontos para atracar nos portos do Paraná. Ele pode estar ali apenas para garantir o posicionamento, a chegada, por questões estratégicas de mercado daquele operador. Os navios que estão prontos, com a checklist completa, estão atracando e carregando sem qualquer atraso ao longo desse mês de março”, explica o diretor de operações da Portos do Paraná, Gabriel Perdonsini Vieira.
BR-277 em obras
A BR-277, única estrada que comporta o tráfego de cargas pesadas até o Porto de Paranaguá, está em obras desde dezembro de 2022, quando ocorreram deslizamentos de encostas devido às intensas chuvas na região. Atualmente, a rodovia segue em manutenção em trechos dos km 41, km 41,5 e km 33.
Informações do Centro de Operações Integradas (COI) do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER/PR) desta quarta-feira, revelam que apesar dos dois pontos com pista simples na Serra do Mar, o fluxo segue normal nos dois sentidos. O pico de fila chegou a seis quilômetros nesta semana, principalmente no km 42, onde o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) segue com obras de recuperação causadas pela queda de rochas.
Entre segunda e terça-feira, os atendimentos se concentraram em panes mecânicas, retirada de objetos da pista e sinistros. O DER mantém guinchos leves, guinchos pesados e veículos de apoio nesse trecho. Os problemas na BR-277 e, ao mesmo tempo, a estimativa de intensificação do tráfego de caminhões, devido ao escoamento da safra recorde de grãos, vem sendo apontados por vários órgãos do setor produtivo do Paraná, como Faep, Fiep e Fetranspar.
Nos primeiros 14 dias de março, foram recebidos 16.965 veículos de carga, média de 1.200 por dia. No mesmo período do ano passado foram 20.666. Foram movimentadas 1.841.927 toneladas em Paranaguá e Antonina nesses 14 dias, contra 2.044.735 no mesmo hiato do ano passado.
Segundo a administração dos portos, as diferenças refletem a paralisação do fluxo ocorrida pontualmente no dia 7 de março, quando a BR-277 teve um trecho totalmente interditado após o asfalto afundar.
Nesta semana, o órgão espera, em média, cerca de 1.300 caminhões por dia no pátio de triagem, onde os transportadores aguardam antes de seguir para descarregar os granéis sólidos de exportação no Porto de Paranaguá. Durante as últimas 24 horas foram 1.124 caminhões recebidos, carregados, principalmente, com soja.
O último boletim da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento aponta que 48% da soja do estado já foi colhida. O Paraná deve produzir 20,9 milhões de toneladas do grão nessa safra, maior volume da história. Mas nem todo esse volume é escoado no mesmo ano da produção - ressalta a administração dos portos. Apesar de algumas avarias causadas pela umidade e dificuldade de colheita em razão das chuvas, o produto está com boa qualidade e o rendimento financeiro aos produtores é compensatório.