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Editorial

Preservar o ambiente é missão de todos nós, o tempo todo

Infelizmente, ações socioambientais existem apenas no papel e para gerar marketing, mas são pouco efetivas na sociedade

04/06/2021 15h00

A cada ano, é recorrente a publicação de alertas e avisos para a necessidade da preservação do meio ambiente e o quanto é fundamental para a sustentabilidade da vida no planeta Terra a adoção de medidas de prevenção, que evitem a poluição das águas, do ar e do solo. O lamentável é que isto precise ser repetido a cada vez que se aproxima o dia 5 de junho, data simbólica e que está no calendário como o Dia Mundial do Meio Ambiente.

Lamentável porque, caso a população e as autoridades de modo geral já tivessem se conscientizado realmente da importância da preservação da natureza e o quanto a adoção das práticas e cuidados no dia a dia são essenciais para a própria existência da Humanidade, não seria preciso a repetição de slogans e palavras de ordem a cada vez que estamos no período da passagem da data, que deveria ser comemorativa.

Ações simples, como combater o desperdício na torneira, não jogar lixo, especialmente material não degradável, como plásticos, nas ruas ou nos rios ou no mar, são importantes e deveriam fazer parte dos hábitos de qualquer ser humano. Questões maiores e tão importantes, como evitar o desmatamento desenfreado, a poluição das fábricas, o uso de agrotóxicos danosos à saúde animal e vegetal, deveriam ser integradas ao comportamento de todos sem a necessidade de serem atos proibidos por lei. Sem florestas e saneamento nas cidades, não há água pura, não há bom clima. Sem água limpa e equilíbrio climático, não há produção sustentável para atender ao aumento da população.

O Brasil tem sido ao longo dos anos, um péssimo exemplo em relação a esse tópico e o quadro apenas tem se agravado nos últimos anos, como é possível ver em qualquer noticiário mais sério e comprometido com a verdade. Uma demonstração de como a legislação ambiental brasileira, que, no papel, é uma das melhores do mundo, foi dada pela divulgação recente de pesquisa comandada pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU, e a Stilingue, plataforma de monitoramento de redes sociais, acerca da efetividade das ações ESG (ambiental, social e governança) no País.

De acordo com a pesquisa, dos 308 membros da rede do Pacto Global entrevistados, somente 51% afirmaram ser incentivados a considerar práticas com impactos sociais mais positivos em seu trabalho; 50% para impactos ambientais; e 48% para impactos de governança. E é preciso levar em conta que os entrevistados são das áreas de sustentabilidade (40%), profissionais com cargos de gestão geral (26%), compliance (8%) e somente 9% são de outras áreas que em teoria podem não ter nenhum tipo de ligação com a agenda.

Tais números demonstram aquilo que já se sabe na prática, tantos são os desmandos cometidos pela maioria das empresas, em todo o País, mesmo que em todas elas existam grossos e bonitos volumes e apostilas definindo claramente o comportamento ideal para que as atividades não causem danos ao meio ambiente, em todas as etapas de produção. Na verdade, e infelizmente, ações socioambientais existem apenas no papel e somente para gerar marketing, mas pouco efetivas quanto ao real impacto positivo na sociedade.

A falta de conscientização para a adoção de políticas reais de defesa do meio ambiente, seja no ambiente familiar, seja nos órgãos públicos ou nas empresas privadas faz com que a população, pelo menos a maioria, considere a questão ambiental como um fato distante e que pode ser protelada. Como se vê pelo resultado da pesquisa acima citada, não basta ter boas leis no papel ou fazer campanhas de “conscientização” a cada vez que chega o mês de junho.

É preciso, e inadiável, que todas as pessoas saibam que o meio ambiente é onde você está, seja na rotina familiar, no trabalho, no caminho para a casa, na educação dos filhos, na escola e que, por causa disso, deve ser assunto diário e materializado em gestos e ações. Só assim é possível tocar uma geração que pode ser capaz de produzir com menos impacto, de forma mais sustentável.

E que todos saibamos, no mundo inteiro, que o futuro da humanidade e do próprio planeta, depende de cada um de nós, não importa nossa profissão, nossa renda, nosso grau de educação. Sem isso, leis, artigos e apostilas de nada valem. E que temos a grande responsabilidade de passar pela vida no planeta deixando condições adequadas para que aqueles que virão possam vivê-la de modo digno e saudável.