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Editorial

Preservar vidas é mais importante que carnavalizar

Este ano, e enquanto a maioria da população não estiver vacinada e imunizada contra o coronavírus, é preciso deixar o Carnaval de lado

12/02/2021 16h00

Em todo o Brasil, o Carnaval é uma das festas mais importantes, não apenas pela quantidade de pessoas que circulam nas ruas, pulam atrás de trios elétricos ou em blocos ou participam e acompanham os desfiles das escolas de samba, mas também por se constituir num grande momento para a economia, movimentando muito dinheiro e propiciando renda para milhões de brasileiros. Este ano, devido às restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, as ruas, as passarelas e os salões estão silenciosos.

A suspensão das festas carnavalescas, por tudo isto, gera um tremendo impacto na economia, especialmente na chamada “economia informal”, com milhares de postos de trabalho perdidos. Pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC)), realizada em 2020 para mensurar o impacto econômico da data para o país, mostrou que as tradicionais comemorações do Rei Momo podem gerar 25,4 mil empregos temporários e movimentar R$ 8 bilhões em turismo no país.

Além dos foliões, da oferta de empregos diretos e indiretos, e daqueles que aproveitam a ocasião para ganhar um dinheiro extra vendendo bebidas e lanches nas ruas, há todo um impacto na cadeia econômica, reduzindo as receitas dos hotéis, dos restaurantes, das companhias aéreas e até dos catadores de material reciclável, cujo faturamento triplica durante o carnaval. Um bloco na rua movimenta uma cadeia de trabalhadores, que vai desde fabricantes e locadores de trios elétricos a vendedores ambulantes e catadores de materiais recicláveis, passando pelas costureiras que são chamadas a ajustar e adaptar fantasias.

Tudo isto é verdadeiro e lamentável, mas nada disso importa quando o objetivo é salvar vidas e preservar a saúde. Uma festa que não existe sem aglomeração, o Carnaval é uma verdadeira “bomba” quando se trata de facilitar a transmissão do coronavírus e, por consequência acelerar o crescimento da curva de casos e mortes. Os hospitais de quase todas as grandes cidades já estão com sua capacidade comprometida, exatamente pelo descaso de milhares durante as festas do final do ano de 2020.

Apesar das recomendações, o Natal e o Reveillon produziram festas e aglomerações em muitas cidades, resultando justamente nesta nova onda de casos e mortes pelas complicações da Covid-19.

Vamos esperar que a maioria da população tenha aprendido a dolorosa lição e se cuide, evitando sair às ruas e festejar o Rei Momo, apesar da tentação ser grande. Enquanto a vacina não chegar a pelo menos 90% dos brasileiros, precisamos continuar a manter o distanciamento social, usar a máscara e prosseguir com o hábito de higienizar as mãos, várias vezes ao dia, com água e sabão ou álcool em gel.

Afinal, uma coisa boa é que Carnaval tem todos os anos e a festa que não puder ser feita agora poderá acontecer sem maiores problemas depois. Enquanto uma vida que se perde não se recuperar jamais.