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Transporte Terrestre

Presidente da CBPM cobra explicações sobre concessão da FCA

Carlos Tramm quer que a Agência Nacional de Transportes Terrestres demonstre os investimentos feitos pela VLI na malha baiana

16/04/2021 11h40

Foto: Divulgação

O presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Antonio Carlos Tramm, cobra que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) demonstre os investimentos feitos pela VLI na malha baiana. “A concessionária precisa entregar a ferrovia no mesmo estado em que recebeu. Não temos nada contra a privatização, mas é preciso que ela seja benéfica para a população. O governo federal não cobrou nada deles, não fiscalizou, não exigiu a manutenção nem a modernização, e hoje temos trens que andam a ‘fabulosos’ 11 km/h, não transporta mais gente e nem cargas”, disse.

A posição de Carlos Tramm foi apresentada na webinar “A Bahia nos Trilhos”, promovida pela Associação de Usuários dos Portos da Bahia - Usuport e a CBPM na quinta-feira (14). Também participaram do evento o especialista em ferrovia e logística Bernardo Figueiredo, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Juazeiro, Carlos Neiva, e o ex-senador Waldeck Ornelas. O evento foi moderado pelo diretor-executivo da Usuport, Paulo Villa. Os especialistas fizeram uma análise das infraestruturas existentes e dos projetos em andamento, com foco na Ferrovia Centro Atlântica (FCA), Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL), suas conexões portuárias e o potencial para o atendimento das necessidades dos usuários.

Figueiredo defendeu a criação de um projeto que integre a região nordeste ao restante do país. “Hoje nossa região é desconectada do Sudeste. O PNL (Programa Nacional de Logística) de 2015 já mostrava que as rodovias BR 101 e 116 são os corredores com mais carga do Brasil e paralelo a elas na Bahia nós temos uma ferrovia que está abandonada. Já estava abandonada na época da administração federal e continuou com a concessão. Então precisamos fazer um remodelamento dessa linha, para conectar o nordeste ao sudeste. Se a VLI não tem interesse em fazer isso, ela deveria entregar o trecho e permitir que outra concessionária faça”, afirmou.

Em seguida, Carlos Neiva informou que 92% da manga exportada no país sai do vale do São Francisco e é escoada pelo Porto de Suape, em Pernambuco, gerando enorme perda de recursos para a Bahia. “Além do mercado de frutas, que poderia ser escoado de trem, o norte Baiano tem ainda o cobre da Mineração Caraíba, que já atua há décadas na região e está em crescimento, e uma nova fonte de cargas vindas da Colomi Iron, que já anunciou investimentos de R$ 11 milhões numa mina de minério de ferro. Acho que falta atenção à força que nós temos aqui no Norte, com o agronegócio, mineração, as energias renováveis”, disse.

Para o ex-senador Waldeck Ornelas, a Fiol vai ser o mais importante projeto do novo século na Bahia, em oposição ao abandono da malha tradicional baiana. “O primeiro impacto já neste trecho 1 é a reanimação do litoral sul, que foi inteiramente degradada desde meados dos anos 80. Por outro lado, não podemos aceitar que a malha tradicional, fundamental para a região metropolitana de Salvador, permaneça abandonada. A renovação antecipada da concessão apresenta ausência explícita de investimentos na malha baiana, salvo se custeado pelos usuários. Isto significa esterilização e é inaceitável”, concluiu Ornelas.

Os participantes chegaram à conclusão de que a Bahia não pode passar mais 30 anos sem uma malha ferroviária ativa e competitiva, que sirva de integração com a região sudeste e que atue como facilitador para a execução do enorme potencial produtivo do interior do estado. Eles destacam que é preciso lutar para que a nova concessão da FCA garanta os investimentos necessários para a revitalização do trecho que passa pelo estado.