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Transporte Terrestre

Produção de autoveículos cai pela metade no primeiro semestre

Anfavea projeta queda de 45% na fabricação e de 40% no emplacamento em 2020

07/07/2020 07h32

Foto: Divulgação

Diante das expectativas econômicas do país para o segundo semestre, o setor automobilístico estima produção de 1,630 milhão de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em 2020, um volume 45% inferior ao de 2019. Ante os 2,78 milhões de emplacamentos ocorridos no ano passado, a indústria estima queda de 40% em 2020, com previsão de 1,67 milhão de licenciamentos. Com fortíssimo impacto da pandemia de Covid-19 nos últimos três meses, a produção acumulada de 729,5 mil veículos representou uma queda de 50,5% na comparação com o primeiro semestre de 2019, segundo dados divulgados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). 

A previsão de retomada também não é das mais otimistas, segundo o presidente Luiz Carlos Moraes. “A estimativa é uma recuperação no formato Nike, e não em V. Ou seja, vai ser lenta até 2025”, explicou. Segundo ele, contudo, só faltam duas fábricas voltarem às operações no país. “A maioria está operando em um turno, rodando em ritmo menor por conta da segurança da saúde. Mas também olhando a demanda”, disse.

Moraes ressaltou que os emplacamentos estavam em torno de 11,2 mil em fevereiro, com alta de 12% sobre 2019. Com a pandemia, os efeitos começaram a ser sentidos já em março de 2020, quando os licenciamentos caíram 32%, para 7,4 mil ante 11 mil em 2019. Daí para frente, os números desabaram para 2,8 mil em abril (-74% ante o mesmo mês de 2019), 3,1 mil (-72%) em maio e fechou 6,3 mil (-46%) em junho.  

A expectativa de uma retomada nas vendas em julho, já que todas as empresas voltarão a produzir, não é muito boa porque a queda na taxa de juros Selic, hoje em 2,25% ao ano, não chegou na ponta, segundo o presidente da Anfavea. “A taxa do CDC (crédito direto ao consumidor) está ao redor de 19,5%, bem alta. A queda da Selic não está sendo captada pelo CDC”, disse.

A perspectiva de produção é lastreada num mercado interno projetado de 1.675 milhão de unidades vendidas no ano (queda de 40%) e uma exportação de 200 mil unidades (queda de 53%), além de levar em conta a variação de estoques e as importações de veículos. Com o licenciamento de 132,8 mil unidades em junho, o acumulado do semestre foi de 808,8 mil autoveículos, recuo de 38,2% sobre o mesmo período de 2019. As exportações em junho fecharam em 19,4 mil unidades, totalizando 119,5 mil no semestre, uma queda de 46,2%.

Caminhões e máquinas caem menos

O setor de caminhões também foi fortemente afetado pela pandemia, embora as quedas não tenham sido tão drásticas quanto as dos veículos leves. A produção no semestre (34,8 mil) foi 37,2% menor em relação ao mesmo período do ano passado. Os licenciamentos (37,9 mil) recuaram 19,1%, enquanto as exportações (4,8 mil) encolheram 19,2%.

Parte do alívio nas vendas de caminhões deve ser creditada aos bons resultados da safra agrícola, que também ajudou o setor de máquinas a não sofrer tanto com os efeitos da pandemia. A produção acumulada no semestre (19,1 mil) foi 22,6% inferior à dos seis primeiros meses de 2019. Já as vendas de 19,6 mil máquinas caíram apenas 1,3% no primeiro semestre, enquanto as exportações (4,2 mil) tiveram retração de 31%.

“A situação geral da indústria automotiva nacional é de uma crise maior que as enfrentadas nos anos 80, 90 e essa mais recente de 2015/16. Ela veio num momento em que as empresas  projetavam um crescimento anual de quase 10%. Um recuo dessa magnitude no ano terá impactos duradouros, infelizmente. Nossa expectativa é que apenas em 2025 o setor retorne aos níveis de 2019, ou seja, com atraso de seis anos”, avaliou Luiz Carlos Moraes.