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Artigo

Quanto vale Irmã Dulce, Martagão Gesteira e Aristides Maltez?

Eduardo Athayde

15/05/2022 06h02

Foto: Divulgação

Avançando criativamente na nova corrida da Governança Socioeconômica e Ambiental (ESG) - enfatizo socioeconômica como fidúcia para a sustentabilidade - empresas e fundos de investimentos, em todo o mundo, estão alterando seus posicionamentos para o modo da `eco-nomia digital`, pós pandemia. 

Nesta dimensão, os valores incrementais circulantes das adicionalidades e das externalidades, antes despercebidos, são rapidamente incorporados e fatorados ao valor das marcas e, consequentemente, das empresas, teoricamente protegendo-as e fazendo-as produzir melhor e a valer mais – é uma nova lógica.

A tradução do ESG para o português, contudo, está sendo corriqueiramente feita de forma errada, induzindo todos a erros. O “E, de Environment”, na sigla, significa o ambiente socioeconômico onde coexistimos, nossa casa, trabalho, cidade, ambiente rural, floresta nativa ou ambiente marinho - e não apenas ´meio-ambiente´, referindo-se à natureza que precisa ser preservada. Na trilogia ESG, o que mais cresce é o `S`, do social, em virtude das inovadoras rotas sociotecnológicas aplicadas e o novo sistema operacional dos capitais nas comunidades.

Afetadas pela covid-19, empresas em intensa atividade para embarcar a inteligência nova do ESG, têm exemplos `S` a serem observados. As Obras Sociais de Irmã Dulce, o Hospital Martagão Gesteira - cuja Liga mantenedora completa 100 anos, em 2023, e organiza um Endowment Fund de R$100 milhões para construir o Martagão II -, o Hospital Aristides Maltez, abrigo dos cancerosos pobres da Bahia, e tantas outras destacadas entidades filantrópicas, reconhecidas pelos relevantes serviços prestados globalmente aos carentes, onde o tradicional `S` de Servir e Socorrer, inspirou o ESG. 

Segundo o Ministério da Saúde, os gastos diretos com a saúde pública no Brasil, em 2021, foram de R$ 290,4 bilhões. Extrapolando, para comparar ordens de grandezas no ambiente de mudanças ESG, os valores das 50 marcas nacionais mais valiosas do país totalizam 79,3 bilhões de dólares - R$ 396,5 bilhões (dólar R$5), segundo estudo da BrandZ 2022. Entre as 10 maiores, o Itaú lidera com US$ 8,08 bilhões, Brahma (US$ 6,52 bilhões), Bradesco (US$ 5,96 bilhões), Skol (US$ 5,92 bilhões), Claro (US$ 5,16 bilhões), Magazine Luiza (US$ 4,73 bilhões), Nubank (US$ 3,59 bilhões), Petrobras (US$ 2,63 bilhões), Vivo (US$ 2,60 bilhões) e Antarctica (US$ 4,26 bilhões). 

Quanto será que vale Irmã Dulce, Martagão Gesteira e Aristides Maltez que, na era ESG terão suas marcas valoradas? Neste novo código operacional a “razão social”, ou razão de ser das empresas, acompanhada por sistemas blockchains metaversos, com Inteligência Artificial (IA), Internet das Coisas (IoT) e Realidade Aumentada (RA), avaliadas online, atrairão investimentos para os ambientes onde atuam.

Única, talvez, que pode ostentar sozinha o status de campeã `S` pelo exemplo e o trabalho que a sua obra viva continua realizando, mesmo sem que ainda tenha sido valorada por empresas como a BrandZ, a Irmã Dulce dos Pobres, a primeira Santa do Brasil, não precificada, porque o valor da sua obra não tem preço, embora não monetizada para fins de custos e de atração de investimentos ESG; se avaliada, seguramente apresentará mais valor para a sociedade do que todas as marcas do Brasil, somadas.

Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil. [email protected]

Publicado no Correio24

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