26/08/2024 08h46
Foto: Divulgação
A Raízen confirmou em nota enfrentar incêndios no Estado de São Paulo que afetam, além de suas áreas de produção, as de fornecedores de cana e de outros grupos sucroenergéticos. A origem dos incêndios ainda é desconhecida e o cenário é agravado pela longa estiagem, baixa umidade do ar, ação dos ventos e altas temperaturas, segundo a companhia.
A empresa informou que todo o efetivo da brigada de incêndio da Raízen está mobilizado no combate aos focos, com o apoio de aeronaves e a colaboração do Corpo de Bombeiros. “Devido à gravidade da situação, estamos utilizando todos os recursos disponíveis para controlar os incêndios e minimizar os danos”, afirmou a companhia na nota.
No comunicado, a Raízen reforçou seu compromisso com a preservação ambiental, afirmando não realizar a queima de cana e que segue o Protocolo Agroambiental – Etanol Mais Verde, assinado com o governo de São Paulo em 2017. O protocolo visa a extinção da queimada como método de colheita, pois a queima da cana compromete a qualidade do produto e a integridade dos solos. “A cana queimada perde qualidade e se torna inadequada para o processamento, além da perda de matéria orgânica dos solos”, disse.
A companhia também emitiu um alerta para a população, destacando a importância da conscientização para prevenir e controlar incêndios. As orientações incluem não arremessar bitucas de cigarro acesas nas estradas, evitar a queima de mato e a realização de fogueiras, e a não utilização de fogo para limpeza de terrenos. O tempo seco, as altas temperaturas e os fortes ventos são fatores que intensificam o risco de alastramento do fogo.
Os casos de incêndio no interior de São Paulo afetam diversas companhias do setor sucroenergético com operação no Estado, principal polo produtor de cana-de-açúcar do País.
O CEO da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), José Guilherme Nogueira, relatou que 59 mil hectares de áreas plantadas com cana foram queimadas no Estado entre sexta-feira e sábado (24).
Ações criminosas em incêndios
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, confirmou no domingo (25), a prisão de dois suspeitos por atear fogo em áreas rurais da região de Ribeirão Preto, agravando ainda mais a situação crítica na região, foco de incêndios. “Nós tivemos ação de criminosos”, afirmou o governador, avaliando que as ações criminosas se somaram às condições climáticas adversas para piorar os incidentes.
Tarcísio destacou que a operação de combate aos incêndios na região conta com um forte apoio das Forças Armadas. Ele citou a mobilização de helicópteros do Exército e da Marinha, além da Polícia Militar e de aeronaves agrícolas contratadas pelo Estado. “O KC-390 da Força Aérea vai ser decisivo pela capacidade que ele tem de transportar uma grande quantidade de água. Eu entendo que isso vai ser muito importante para combater todos os focos que estão na região”, explicou.
O governador também ressaltou a preocupação com algumas instalações próximas aos focos de incêndio, como indústrias químicas e usinas de álcool, que estão sendo isoladas e protegidas para evitar maiores danos. “Essas instalações críticas estão sendo objeto da nossa ação, porque a gente precisa isolar, fazer os aceiros”, disse.
Além das medidas de combate ao fogo, Tarcísio mencionou as ações para atender a população afetada, incluindo o suporte àqueles que perderam suas residências e a estruturação do sistema de saúde para tratar problemas respiratórios decorrentes da fumaça.
O governador também pediu calma à população local, destacando que não há necessidade de evacuação. “A situação vai ficar sob controle, tem uma grande organização. Eu tenho certeza que a situação hoje já vai melhorar bastante, as pessoas têm que manter a tranquilidade”, comentou Tarcísio.
No sábado, o governador de São Paulo decretou estado de emergência em 45 cidades de São Paulo, com validade de 180 dias. Já neste domingo, a Secretaria de Agricultura e Abastecimento anunciou um pacote de ações para produtores rurais afetados pelos incêndios, em valor estimado de R$ 10 milhões. O Centro de Gerenciamento de Emergências da Defesa Civil elevou para 46 o número de cidades em alerta máximo para queimadas e informou que 21 municípios enfrentam focos ativos de incêndio.
Fonte: Estadão Conteúdo