31/12/2020 10h54
O presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Carlos Lula, afirmou na quarta-feira (30) que o Ministério da Saúde demorou a se mexer e o país corre o risco de ter vacina, mas não ter seringas e agulhas.
“O ministério demorou muito nesta aquisição, que já era para ter acontecido”, disse Lula. “A gente vai acabar não encontrando porque a gente não tem a produção adequada para essa quantidade de demanda, e isso a gente sabe há meses”, acrescentou ele.
Na terça-feira (29), o ministério realizou um pregão para tentar adquirir 331 milhões seringas e agulhas, mas as negociações fracassaram. A pasta conseguiu fornecedor apenas para 7,9 milhões, menos de 3% do previsto. O preço cobrado pelas empresas ficou acima do valor estimado pelos técnicos do governo federal, o que frustrou o pregão.
Lula ressalta que é hora de os técnicos do ministério se reunirem com a indústria nacional para discutir o assunto. “Talvez pontuar a necessidade de a gente não exportar agulha e seringa agora, igual ao que foi feito em relação aos respiradores”, afirmou.
O presidente do Conass defendeu até a requisição administrativa se houver recusa injustificada por parte das empresas em fazer essa entrega ao ministério.
“Corremos o risco real de termos vacina e não termos agulhas e seringas suficientes. O Ministério tem de urgentemente reunir a indústria nacional para saber como proceder. Sob pena de medidas drásticas serem tomadas, como, por exemplo a requisição administrativa ou a proibição de exportação dos estoques no Brasil”, disse Lula.
Ele frisou ainda que, a exemplo dos respirados nos primeiros meses da pandemia, a compra de seringas e agulhas deve ocorrer de forma centralizada “e não numa disputa entre os estados e os municípios”.
Em nota divulgada na quarta, o ministério afirmou que espera fechar o contrato para o fornecimento das 7,9 milhões seringas e agulhas em janeiro. Esse montante faz parte de um lote de 31 milhões de unidades.
Fonte: Folha de S. Paulo