17/09/2024 10h35
Foto: A Hora - Fábio Kuhn
As linhas que interligam o Rio Grande do Sul (RS) a Santa Catarina estão danificadas desde a grande inundação de maio. Na logística, o principal prejuízo está no transporte de cargas, em especial metais e combustíveis. Junto com isso, todos os passeios turísticos e culturais pelos trechos históricos também foram suspensos.
Um grupo de trabalho formado por equipes da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), governo do RS e da Rumo Logística, estuda as condições da malha gaúcha.
Na semana passada, um relatório prévio foi apresentado ao vice-governador, Gabriel Souza. A expectativa, diz, era ter acesso aos pontos com prejuízos mais graves e alguma alternativa para a recuperação.
Pelo diagnóstico, são pelo menos 700 quilômetros de trilhos com necessidade de reforma. Seria necessário um investimento entre R$ 3 bi até R$ 4 bilhões para retomar o transporte. Como a concessão com a Rumo está no fim, o prazo encerra em 2027, há um entendimento de que seria necessário aporte financeiro do governo federal.
Anos de descaso
São mais de 3 mil quilômetros de rodovias que interligam o Paraná, Santa Catarina e o Rio Grande do Sul aos estados do centro-oeste do país. Antes de maio, menos da metade da malha tinha transporte regular por locomotivas.
Nas três décadas de concessão, não houve investimento para modernização dos ramais. Com trilhos antigos e sem manutenção, locomotivas antigas e mais lentas, tornaram a opção pelo modal pouco atrativa.
Junto com isso, a Rumo também ofertava poucos itinerários. Sem periodicidade e prazos de entrega com pouca previsão, a malha gaúcha se tornou uma das mais ociosas do país.
Novo traçado
Diante do alto investimento na recuperação, o grupo de trabalho avalia mudanças no mapa ferroviário. Faz pelo menos dez anos que um novo traçado do projeto Ferrovia Norte-Sul foi proposto pelo governo federal.
A ideia seria usar parte deste estudo, de Lages (SC) até Passo Fundo. O trilho teria um tamanho maior do que a tradicional (a bitola da malha gaúcha é de 1 metro. Tamanho incapaz de receber trens mais modernos e velozes). A estratégia é fazer com que as produções de grãos vindas do Centro-Oeste possam ser trazidas para esse novo ramal.
O diretor de Infraestrutura Logística da Câmara da Indústria e Comércio da região (CIC-VT), o empresário do ramo logístico, Diego Tomasi, acredita que essa é uma alternativa viável para tornar o transporte mais racional. “Hoje os caminhões precisam ir até os estados do centro do país. Caso houvesse essa alternativa, se reduziria o custo e a distância para distribuição de grãos às regiões produtoras.”
Fonte: A Hora