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Transporte Aéreo

S&P Global rebaixa rating de Latam, Azul e Gol

A agência de classificação de risco manteve os rantings das aéreas em observação negativa

30/03/2020 11h51

Foto: Divulgação

A agência de classificação de risco S&P Global rebaixou os ratings atribuídos à Latam Airlines, à Azul e à Gol e os manteve em observação negativa.

Latam

O rating de emissor de crédito da Latam foi de “BB-” para “B”. A nota de sua dívida senior unsecured foi de “B+” para “B-.”

“Os rebaixamentos refletem nossa expectativa de uma queda drástica nas receitas e nos fluxos de caixa este ano. A empresa já anunciou uma redução de 70% em sua capacidade. Além disso, mais governos impuseram restrições a viagens domésticas, ao mesmo tempo que a demanda por passagens aéreas caiu ainda mais drasticamente. Portanto, neste momento, não descartamos a possibilidade de a empresa anunciar a suspensão completa de suas operações por algumas semanas”, diz trecho do relatório.

Gol

O rating de emissor de crédito na escala global da Gol foi reduzido de “B” para “B-”, enquanto a nota em escala nacional foi de “brA” para “BBB-”. Já o rating atribuído ao seu “term-loan” que vence em agosto de 2020 é “BB” porque está vinculado à garantia da Delta Airlines, Inc. (BB/CW Neg/--).

“O rebaixamento indica o cenário severo para os fluxos de caixa da Gol nas próximas semanas, com seu anúncio de redução da capacidade de 90% em seus voos domésticos e de 100% nos voos internacionais até o final de abril, pelo menos, similar a seus pares na região. As métricas da empresa deteriorarão e poderão piorar ainda mais a liquidez dependendo de quanto durar essa redução da capacidade.”

Azul

A agência rebaixou a nota de emissor de crédito da Azul na escala global de “B+” para “B”. A nota em escala nacional passou de “brAA” para “brA-”

“Similar às tendências preocupantes do setor, o rebaixamento reflete o cenário muito mais fraco que o esperado para as próximas semanas, com a capacidade reduzindo-se para 90% na operação doméstica da empresa até o final de abril, pelo menos. Isso prejudicará materialmente as métricas e a posição de liquidez da Azul, embora mantenha uma posição de caixa significativa em relação à dívida financeira de curto prazo”, segundo a agência.

Para a agência, a manutenção em observação negativa das três companhias, “reflete o efeito potencialmente danoso que uma interrupção prolongada das viagens aéreas poderá ter na posição de liquidez das companhias e em suas métricas de crédito”. Também incorpora a incerteza sobre quando a demanda por viagens aéreas de passageiros se recuperará e até que ponto.

O documento da S&P Global, lembra que a rápida propagação do novo coronavírus (covid-19) reduziu significativamente a demanda por viagens aéreas globais por um período imprevisível. A maioria dos países da América do Sul (incluindo Argentina, Chile, Colômbia, Equador e Peru) fechou completamente suas fronteiras, enquanto o Brasil fechou a maior parte de suas fronteiras terrestres, mas tem mantido aeroportos e portos abertos.

Alguns países como Argentina, Colômbia e Peru foram ainda mais além, implementando severos confinamentos que também incluem a suspensão do tráfego aéreo doméstico.

Viajantes corporativos e de lazer suspenderam suas reservas de voos, ao mesmo tempo que a curva de reservas diminuiu drasticamente, podendo atingir percentuais quase nulos nos próximos dois meses. “Estimamos que, de um modo geral, a queda da demanda na região poderá ser de cerca de 10% no primeiro trimestre deste ano e de aproximadamente 80% no segundo trimestre, dado que presumimos que as restrições de viagens continuarão a vigorar na maior parte do ano e que a recuperação será gradativa, iniciando-se em julho, principalmente entre as viagens corporativas.”

O corte de capacidade e as medidas contracíclicas podem não ser suficientes para conter a alavancagem, avalia a S&P.

Todas as companhias aéreas estão adotando iniciativas contracíclicas para tentar compensar a queda em suas receitas e margens. As companhias anunciaram cortes de capacidade, estacionamento de aeronaves, redução de salários ou incentivo a licenças não remuneradas, adiamento de investimentos, e todas estão negociando a prorrogação da entrega de aeronaves e dos pagamentos aos arrendadores.

A agência ressalta que “um fator adicional de alívio são os preços do combustível muito mais baixos, mas a maior parte das necessidades de combustível para 2020 já estava protegida por hedge, de forma que esse alívio é limitado para o ano. No cenário atual, esperamos que a queda no Ebitda e nos fluxos de caixa seja ainda maior que a das receitas, já que cerca de 40%-50% dos custos dessas empresas são fixos. Isso piorará as métricas de crédito pelo menos em 2020.”

"Ainda como reflexo da pandemia, a alavancagem subirá, impulsionada pelo efeito que a depreciação das moedas locais terá sobre as dívidas denominadas em dólar das companhias, incluindo os passivos de aeronaves; em particular, da moeda brasileira, para a qual as empresas estão mais expostas”, diz trecho do documento.

Fonte: Valor Econômico