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Logística

São Paulo muda projeto de ponte Santos-Guarujá

A obra, que levaria 36 meses, teve orçamento reavaliado para R$ 3,9 bilhões

25/11/2020 17h01

Foto: Ilustração

O governo de São Paulo entregou ao Ministério da Infraestrutura, na semana passada, o novo projeto da ponte bilionária entre Santos e o Guarujá. Há mudanças significativas em relação aos estudos de engenharia divulgados em 2019. O vão central da ponte, que era de 400 metros, foi ampliado agora para uma distância de 750 metros entre seus pilares.

De acordo com o secretário estadual de Logística e Transportes, João Octaviano Machado Neto, as alterações cumprem exigências feitas pelo ministério para a aprovação do projeto. A ponte requer autorização federal porque afeta o Porto de Santos e suas estruturas, bem como as alças de acesso, se utilizam de terrenos da União.

As diferenças de arquitetura também são nítidas. Em vez da estrutura estaiada, como na versão anterior, o novo projeto é de uma ponte pênsil — o desenho da Hercílio Luz (Florianópolis) ou da americana Golden Gate (São Francisco). Com 750 metros de largura e 85 metros de altura no vão principal, diz o secretário, fica afastado qualquer risco físico à passagem de navios e a expansões da atividade portuária.

A obra, que levaria 36 meses, teve orçamento reavaliado para R$ 3,9 bilhões — antes estimava-se um gasto mais próximo de R$ 3 bilhões. O investimento seria totalmente privado, por meio de um aditivo ao contrato de concessão da Ecovias, empresa que administra o sistema de rodovias Anchieta-Imigrantes. Originalmente, o contrato vence em 2026.

“Ponte não combina com porto”

O ministro Tarcísio Freitas tem adotado um discurso de ceticismo sobre a viabilidade da ponte e colocado o projeto de um túnel submerso como alternativa preferencial para a ligação seca Santos-Guarujá. A preocupação de Tarcísio é com eventuais prejuízos às manobras de navios de grande porte. Nas palavras dele, “ponte não combina com porto”.

O projeto de túnel, com uma localização diferente da ponte (entre os bairros do Macuco e de Itapema) recebeu o apoio de operadoras de terminais portuárias. Elas se uniram em um movimento, o “Vou de Túnel” para defender a ligação submersa de 1,7 quilômetro e orçada em R$ 3,5 bilhões.

No dia 16, em visita ao porto, o ministro disse que “é total a possibilidade” de incluir a obra do túnel entre as exigências assumidas pelo vencedor do processo de desestatização da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp).

“A gente está estudando isso com muito afinco e verifica que cabe dentro da concessão. Estamos, agora, fazendo os estudos […] para oferecer uma boa solução logística, de mobilidade, que não atrapalhe a expansão e o desenvolvimento do Porto de Santos”, afirmou Tarcísio, em vídeo gravado com a deputada Rosana Valle (PSB-SP), que atua politicamente na região.

Para o secretário Octaviano, os dois projetos não são excludentes, mas complementares. Ele só enfatiza que o túnel, por suas características e localização, teria mais foco em mobilidade urbana. A ponte, argumenta, tem mais vocação logística e deverá receber até cinco mil caminhões por dia. Espera-se reduzir o tempo de viagem das cargas no trajeto Santos-Guarujá de uma hora para 20 minutos e aliviar a rodovia Cônego Domênico Rangoni.

Octaviano afirma que foram feitas “todas as adaptações” pedidas a ele em reunião com o secretário nacional de Portos, Diogo Piloni, e o então presidente da Codesp, Casemiro Tércio Carvalho, em fevereiro. Por isso, diz ter a expectativa de aprovação federal. “Cumprimos tudo. Me parece não haver muito espaço para uma negativa.”

A assessoria do Ministério da Infraestrutura confirmou a reunião com representantes do governo de São Paulo e da concessionária na última quinta-feira (19). Ao Valor, informou que “será realizada uma análise cuidadosa do material disponibilizado e brevemente apresentado durante esta reunião, bem como uma verificação por parte dos proponentes do projeto dos apontamentos já previamente indicados durante o encontro”.

“Tudo isso será avaliado juntamente com a alternativa de túnel para definição da solução mais adequada e também o melhor endereçamento para viabilização do projeto — tanto em relação ao seu custo quanto a seu prazo, seja no âmbito do projeto de desestatização do porto ou outro desenho”, completou a assessoria da pasta.

Fonte: Valor Econômico