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Transporte Terrestre

São Paulo terá queda de quase um terço no uso de carro até 2030

Aponta levantamento “Futuros da Mobilidade”, da consultoria Kantar, realizado em 31 cidades do mundo

15/02/2020 09h01

O número de viagens de carro na cidade de São Paulo deve ser reduzido em 28% até 2030, enquanto o transporte público deve ter ampliação de 10%. Os deslocamentos a pé devem crescer 25% e as bicicletas terão uma elevação de 47% nas viagens.

Os dados fazem parte do estudo “Futuros da Mobilidade” (tradução livre), realizado pela empresa de consultoria Kantar em 31 cidades do mundo, que entrevistou no ano passado as intenções de deslocamento de 20 mil pessoas.

Na média mundial, as viagens de carro particular nas maiores cidades diminuirão 10% na próxima década, segundo nota da empresa que ainda diz que deslocamentos de transportes coletivos de massa (ônibus e redes de trilhos) vão responder por praticamente a metade das viagens nos municípios com maior população.

“A ascensão da economia compartilhada, multimodalidade e veículos autônomos, juntamente com o envelhecimento da população global, reduzirão a necessidade de posse de carro. Esse declínio será compensado pelo aumento do uso de transporte público, ciclismo e caminhada, à medida que os cidadãos mudam para maneiras mais ecológicas de viajar. Até 2030, esses meios de transporte mais ecológicos representarão 49% de todas as viagens realizadas nas cidades, contra 46% para carros (que atualmente representam 51% das viagens). Viagens de táxi e compartilhamento / carona, além de outros modos, como balsas, serão responsáveis ​​pelos 5% restantes.” – diz o comunicado à imprensa do instituto.

De acordo com o levantamento, São Paulo está entre as três cidades do mundo com maior potencial de inovação, ficando atrás apenas de Manchester (Inglaterra) e Moscou (Rússia). Entretanto, a capital paulista não figura entre as cidades que oferecem a melhor mobilidade urbana. A pesquisa considerou como critérios a facilidade de acessos aos mais diversificados meios de transportes e as ofertas de viagens compartilhadas.

A pesquisa ainda apontou que 37% das pessoas que usam carros nestas cidades estão dispostas a mudar de forma de deslocamento e a principal alternativa é o transporte coletivo: 42%. Mas o estudo alerta: nem todas as cidades estão prontas para a transformação da mobilidade.

A pesquisa perguntou “Que infraestrutura as pessoas querem?” Integração entre diferentes modais, possibilidade de deixar o carro em um estacionamento no meio do caminho e seguir o trajeto de ônibus elétrico ou metrô e estações móveis para retirada de encomendas estão entre as respostas:

Para avaliar quais tecnologias e soluções de mobilidade emergentes têm maior potencial para atender às necessidades dos viajantes urbanos de amanhã, a Kantar fez uma parceria com membros do programa Mobility Futures para desenvolver e testar mais de 20 conceitos de mobilidade em relação às preferências de 20.000 cidadãos em todo o mundo. As inovações que melhor ressoam são aquelas que oferecem sustentabilidade e conveniência, incluindo:   Mobilidade como serviço (MaaS) – esse conceito integra vários modos de transporte, como ônibus, bondes (VLT), bicicletas e compartilhamento de carros, em um único aplicativo e bilhete para simplificar a viagem multimodal em uma experiência do usuário que combina com a conveniência de um carro pessoal; Centros de mobilidade – localizados nos arredores das cidades, esses centros permitem que os passageiros mudem de carros poluentes para veículos de emissão zero, como ônibus elétricos, bicicletas elétricas e scooters eletrônicas, para ajudar a diminuir o congestionamento e a poluição urbanos; Entrega de encomendas autônoma – Os veículos de entrega autônomos funcionam como estações de encomendas móveis para reduzir as jornadas de entrega sem êxito que aumentam significativamente o congestionamento do tráfego.

Para o líder global automotivo e de mobilidade da Kantar, Guillaume Saint, a tecnologia vai ser a grande ferramenta para as mudanças, mas as particularidades de cada cidade devem ser respeitadas. Nem sempre o que é bom para Nova Iorque, por exemplo, serve para São Paulo.

“A tecnologia será a base para moldar um futuro urbano mais sustentável. Mas todas as cidades são diferentes – o que funciona em Nova York pode não ressoar em Tóquio – é por isso que é imperativo colocar o ser humano no centro da pesquisa para entender melhor e prever o comportamento futuro da mobilidade e identificar oportunidades futuras.” – disse na nota

O diretor de mobilidade da Kantar, Rolf Kullen, disse que as mudanças devem ser organizadas pelas administrações municipais, já que os cidadãos sozinhos ou em grupos não conseguem promovê-las. O especialista acrescentou também que o transporte urbano será o grande diferencial para os políticos crescerem ou afundarem suas imagens.

“As cidades ao redor do mundo precisam planejar estrategicamente as crescentes necessidades de mobilidade de sua população. Para que a mudança aconteça, ela deve ser liderada pelas cidades e pelo povo – os cidadãos não agirão sozinhos. Os municípios devem “entender a lacuna”, equilibrando o investimento em infraestrutura com políticas robustas de mobilidade urbana e iniciativas de conscientização para ganhar a confiança e o apoio de seus cidadãos. Nossa pesquisa mostra que pode haver uma vantagem política significativa para os políticos que acertam no transporte urbano”.

Fonte: Diário do Transporte