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Sustentabilidade

Setor portuário da AL atento à necessidade de mudança energética

O acadêmico Gordon Wilmsmeier fala como esse desafio está sendo enfrentado na região

30/05/2022 14h20

Foto: Divulgação

Desde 2014, Gordon Wilmsmeier, diretor do Hapag-Lloyd Center for Global Shipping and Logistics, Kühne Logistics University, Hamburgo, estuda a mudança de energia no setor portuário. O MundoMartímo, no âmbito do Enloce 2022, conversou com o acadêmico sobre como este tema tem evoluído na região, vários anos após o início das suas pesquisas sobre o tema. 

A esse respeito, Wilmsmeier - também professor de Logística da Universidad de los Andes, Colômbia - afirmou que “há vários pontos de mudança. Claramente há avanços na medição, na metodologia, em como fazê-lo. Outro ponto importante, penso eu, é o aumento do interesse do setor em analisar esses dados e conversar sobre as implicações que esses resultados têm.”

Segundo Wilmsmeier, atualmente “há mais consciência” sobre as questões de sustentabilidade, que nasce como resultado das Mudanças Climáticas. “Lá se busca como contribuir para a melhoria de sua própria organização: os portos, neste caso. Um tema interessante é como ajudar os objetivos que o meu país tem e começa por apontar que as emissões são o sintoma do consumo de energia e das fontes utilizadas”. 

Essa consciência, acrescenta, envolve perguntar o que estou fazendo? o que está acontecendo dentro do meu terminal?. É interessante então, ele sustenta, analisar quanto custa e quantas emissões a fonte de energia utilizada gera. Também surge a questão de qual impacto essas fontes terão na redução das emissões das operações se essas fontes forem alteradas.

Conversas sobre como conduzir o porto à eletrificação ou como pilotar equipamentos de hidrogênio dentro de um terminal ou estimar o custo dessas novas fontes de energia, estão ocorrendo no setor, diz o acadêmico.

Wilmsmeier ressalta que os dados de consumo total de energia de cada terminal existem: “cada um tem sua conta elétrica ou diesel”. No entanto, ele sugere que o próximo passo é um pouco mais desafiador: “Como faço para medir as emissões de cada tipo de equipamento que tenho dentro do terminal. Ou seja, saber qual é o consumo dos meus caminhões, meus guindastes, meus reach stackers, e para isso tenho que instalar minha visão de diferentes áreas para monitorá-lo”.

O acadêmico aponta que atualmente, sem dúvida, existe uma tendência para a eletrificação. “Há muito interesse nisso, mas a questão é quando os terminais vão fazer essa mudança”, diz. Nesse sentido, sugere, pode-se optar por aguardar o fim do ciclo de vida do equipamento ou fazer uma mudança acelerada porque as novas tecnologias permitem novas eficiências.

Outra questão que não é menor para Wilmsmeier é a localização geográfica do porto, dadas as possíveis restrições de abastecimento que esse fator pode determinar. De acordo com esse fator, explica, os portos podem produzir picos de consumo, devido aos diferentes tipos de cargas que movimentam, como, por exemplo, cargas refrigeradas. “Se eu depender 100% da rede elétrica, tenho que me certificar de que ela pode me fornecer a energia necessária, senão não poderei realizar a transformação. Então tenho que ver se o fornecimento de energia elétrica é suficiente e flexível para minhas operações”, ressalta.

A este nível, salienta que “é necessária uma conversa com o setor energético para analisar o consumo de energia. Aí volta a questão do monitoramento, quanto eu uso? Como eu uso isso? para finalizar uma melhor negociação com o fornecedor de energia”.

Nesse ponto, ele acrescenta que a contribuição da academia consiste na metodologia, em ajudar a construir a análise. Ele também indica que estudos isolados não são necessariamente tão bons, porque você não pode compará-los com os outros, pelo que ressalta que “é interessante reunir-se com um grupo que permita fazê-lo”. Nessa linha, ele descreveu como interessante o trabalho de comparação entre dados da Colômbia e do Chile (usando dados do Observatório de Logística) “porque nos permite saber o que está acontecendo, através da mesma metodologia”, destaca.

Desafios

Gordon Wilmsmeier sustenta que atualmente um dos desafios é determinar como acelero o processo de eletrificação ou como acelero o processo de implementação de equipamentos de hidrogênio. “Qual é a relação que tenho que fazer entre o custo deste equipamento e a poupança que gera a longo prazo”. 

Outro desafio na América Latina - afirma - está relacionado à possível renovação de concessões. Isso significa que um operador provavelmente questionará fazer investimentos em novas tecnologias se não tiver certeza de quais serão suas condições de concessão no futuro. "Aí pode haver um atraso até que a concessão seja esclarecida em cada país, já que para esses investimentos é preciso ver um certo horizonte para concretizá-los."

Fonte: Mundo Marítimo