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Gestão Pública

Só saberemos a proteção da terceira dose com o tempo, diz Vecina

Ex-presidente da Anvisa destaca que "faltou comunicação" para que mais pessoas fossem completamente imunizadas

22/11/2021 10h15

Foto: Divulgação

Ainda não é possível saber exatamente por quanto tempo a dose de reforço da vacina contra a Covid-19 vai garantir proteção efetiva contra a doença, avaliou o ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina.

“É uma doença nova e estamos aprendendo continuamente. Aprendemos que três meses após a vacinação, há uma queda da quantidade de anticorpos no corpo. Então, para que continuemos protegidos, temos que tomar a dose de reforço. Esperamos que ela nos proteja por bastante tempo, mas só saberemos quanto tempo na medida em que o tempo passe. Para essa doença temos que ser humildes, ir aprendendo sempre e corrigindo inadequações para que continuemos protegidos”, explica.

Para ele, o Brasil falhou em deixar clara a importância da vacinação para a população. “Na experiência em Serrana e Botucatu (no interior de SP), todo mundo veio junto, 97% da população foi vacinada. O que falta para vacinar mais gente é comunicação. O grande problema dessa campanha é que o estado brasileiro não se comunicou com a sociedade, foi a imprensa que falou das doses e foi fundamental”, acrescenta.

Gonzalo Vecina cita como o país foi pioneiro na imunização em outras épocas. “Nas campanhas anteriores de vacinação, chegamos a dar 12 milhões de vacinas em crianças em um sábado, comunicando, chamando os pais. Nessa crise sanitária, o governo acha que não tem dinheiro, que não precisa comunicar. Porque uma pessoa tomaria a primeira dose e não a segunda, sabendo que são duas doses? Falta de comunicação.”

Alguns fatores diferenciam a disseminação do coronavírus no Brasil e na Europa, compara Vecina. “Lá há uma certa resistência em avançar além dos 70% de vacinados que não vejo no Brasil. E infelizmente tivemos a variante Gama, que foi extremamente mortal. Tínhamos cerca de 200 mil mortes, hoje estamos com 600 mil – 400 mil vieram da variante Gama. A Europa está tendo a variante Delta, eles não tiveram a Gama”.

O sanitarista dá sua visão de por que a Delta não tem a mesma ação aqui que em outros países. “Ela está no Brasil inteiro, mas não está produzindo o desastre sanitário de lá. Aparentemente quem teve a Gama está protegido contra a Delta. Então temos duas proteções: ter tido a Gama e ter vacinado, essa é a diferença entre nós e a Europa. O único receio é aparecer uma nova variante.”

Média de mortes diárias no Brasil

As mortes diárias por covid-19, segundo a média móvel de sete dias, ficaram, no último fim de semana, abaixo de 200 pela primeira vez desde abril de 2020. Segundo o boletim Monitora Covid, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foram registradas médias de 195 óbitos no sábado e 197 no domingo.

A última vez que o total de mortes pela doença havia ficado abaixo de 200 no país foi em 23 de abril (198). Os óbitos registrados sábado e domingo são os mais baixos desde 22 de abril (167).

Nos últimos 14 dias, houve um recuo de 15,1% na média de óbitos no país. Em um mês, a queda chega a 46,6%. Em relação ao ápice da pandemia, em 12 de abril, quando houve 3.124 mortes, a média caiu 93,7%.

A média móvel de sete dias é calculada somando-se os dados do dia  com os seis dias anteriores e dividindo-se o resultado por sete.