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Transporte Terrestre

Stellantis vai produzir novo veículo híbrido a etanol em Goiana

A montadora terá seis novos modelos e mais uma marca; primeiro híbrido flex sairá de Goiana em 2026

24/05/2025 11h31

Foto: Stellantis - Divulgação

O Polo Automotivo da Stellantis em Goiana (PE), próximo à capital Recife, completa 10 anos de existência em 2025 e, para celebrar a data, a montadora, que engloba marcas gigantes, como Jeep, Citroën, Peugeot e Fiat, fez um anúncio que promete revolucionar a história da empresa no Brasil. Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, revelou que as esteiras da fábrica em Pernambuco receberão o 1º carro produzido com a tecnologia Bio-Hybrid em 2026.

A montadora também revelou que, entre 2025 e 2030, a unidade vai incorporar uma nova marca ao seu portfólio e passará a fabricar seis novos modelos de veículos.

A tecnologia Bio-Hybrid da Stellantis é uma solução de propulsão híbrida desenvolvida pela Stellantis no Brasil que combina motores a combustão flex (capazes de operar com etanol) com sistemas elétricos de baixa voltagem. Essa abordagem visa reduzir emissões de carbono e melhorar a eficiência energética, aproveitando a infraestrutura existente de biocombustíveis no país.

Milhares de veículos

Com capacidade para produzir até 280 mil veículos por ano e prestes a atingir a marca de 2 milhões de unidades fabricadas, o polo emprega hoje mais de 20 mil pessoas, sendo 6.407 na Stellantis e 13.860 indiretos nos fornecedores com mão de obra majoritariamente pernambucana.

Segundo Emanuele Cappellano, presidente da Stellantis para a América do Sul, os próximos anos serão marcados por forte inovação tecnológica e renovação de portfólio. “Temos um orgulho enorme da história construída em Goiana. As perspectivas são excelentes. Vamos lançar seis novos produtos e acolher uma nova marca no polo. A produção do primeiro Bio-Hybrid em 2026 é um marco na nossa trajetória de inovação e sustentabilidade”, destacou, acrescentando que “o Brasil tem uma vantagem competitiva que é o etanol”, cujo ciclo completo gera menos emissões de carbono.

Os investimentos previstos somam R$ 13 bilhões até o fim da década. O pacote inclui modernização da linha de montagem, desenvolvimento de novas tecnologias, atração de fornecedores e expansão da cadeia produtiva. 

O vice-presidente de manufatura da Stellantis na América do Sul, Glauber Fullana, reforça que a planta pernambucana está preparada para liderar a transição tecnológica na indústria automobilística regional. “Seguiremos na vanguarda, desenvolvendo veículos modernos e sustentáveis”, disse.

Cappellano voltou a falar que o custo logístico da planta de Goiana é alto e que a empresa trabalha para trazer mais fornecedores para a região. “Estamos trabalhado para chegar a 100 fornecedores. É importante criar mais condições para os fornecedores investirem”, comentou. Atualmente, o polo tem 39 fornecedores instalados na região.

Cappellano lembrou a necessidade de melhorias em infraestrutura para diminuir o gap do Nordeste com as demais regiões do País, citando o Arco Metropolitano como importante. O Arco Metropolitano é uma alça viária que vai ligar o Porto de Suape às imediações de Goiana sem passar pelos engarrafamentos da BR-101.

Ao ser questionado, o executivo contou também que a Stellantis está tendo conversas com o governo da Paraíba para ver se existe a possibilidade de utilizar o Porto de Cabedelo, mas não há “um planejamento” para passar a usar aquele atracadouro. A fábrica de Goiana já exportou 250 mil unidades para 16 países pelo Porto de Suape.

Ainda com relação a implantação de uma fábrica da montadora chinesa BYD na Bahia, Cappellano considerou positivo, caso contribua para trazer mais fornecedores para a região.

Impactos da Stellantis

Estudo realizado pela Ceplan Consultoria mostra que, com a chegada da Stellantis, o município de Goiana passou de 1% para 4,8% de participação no PIB estadual entre 2013 e 2021. A indústria já responde por quase metade do PIB municipal. No mesmo período, o PIB per capita de Goiana cresceu 300%, e a arrecadação tributária per capita subiu 222%. A região também experimentou uma alta de 59% no emprego formal, com forte presença do complexo automotivo e seu parque de fornecedores, que passou de 22, em 2015, para 38 empresas em 2025, com perspectiva de chegar a 100.

O Polo de Goiana consolida-se como uma âncora da industrialização em Pernambuco, num momento em que o estado busca diversificar sua matriz econômica e atrair investimentos de alta tecnologia.