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Entrevista

Tecon Salvador investe R$ 715 milhões no Porto de Salvador

Demir Lourenço afirma que obras vão manter a competitividade da Bahia para novos negócios

16/03/2020 08h49

Foto: Divulgação

Com investimentos de cerca de R$ 715 milhões até 2050 (sendo R$ 443 milhões entre 2018-2020), realizados com 100% de recursos privados, o atual berço de atracação do terminal de contêineres do Porto de Salvador, administrado pelo Tecon Salvador, unidade de negócios da Wilson Sons, vai dobrar de tamanho, saindo dos atuais 377 metros para 800 metros.

Além da ampliação, o projeto também contempla pavimentar mais de 30 mil metros quadrados da retroárea e a aquisição de três novos super portêineres. A expansão vai permitir que o terminal baiano receba dois navios de grande porte, simultaneamente, que, muito em breve, estarão na costa brasileira.

A expansão vai contribuir para que o Porto de Salvador se mantenha entre os principais portos do país, permitindo a atração de novas rotas marítimas e mantendo a competitividade da Bahia para novos negócios.  

Em entrevista exclusiva ao portal Modais em Focos, Demir Lourenço, diretor-executivo do Tecon Salvador, fala com detalhes sobre os investimentos.

 

Como se encontra a execução das obras da primeira fase (construção do cais)?

A obra do berço de atração está 70% concluída, com previsão de finalização até maio de 2020.  

Qual é a previsão de conclusão das obras das fases 2 (aterro hidráulico) e 3 (pavimentação)? 

A previsão de finalização da obra do berço de atração é até maio de 2020. Em contrato, a obra de pavimentação da retroárea poderá ser realizada até 2034, podendo ser feita antes, de acordo com o avanço das demandas.

Há exigências do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para esse empreendimento?

A primeira fase das obras começou em setembro de 2018 com as autorizações concedidas pelo Iphan, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) e Capitania dos Portos.

A ampliação do Tecon Salvador visa oferecer condições para atracação de navios de maior porte. O projeto da ponte Salvador–Itaparica, do Governo do Estado da Bahia, trará alguma dificuldade ou transtorno, nas áreas de fundeio e bacia de evolução, para os navios de maior porte nessa área do Porto de Salvador?

Não, a posição da Ponte apresentada no projeto não fará interferências à circulação de navios ao Tecon Salvador.

Qual o valor do empreendimento? São recursos próprios? 

A Wilson Sons fará um investimento de cerca de R$ 715 milhões até 2050 (sendo R$ 443 milhões entre 2018-2020), realizados com 100% de recursos próprios.

Quais os benefícios para a economia do Estado da Bahia? 

A expansão do terminal de contêineres de Salvador é a maior do país no setor portuário, atualmente, empregando aproximadamente 700 empregados diretos e indiretos, sendo 90% dos contratados moradores de Salvador e cidades vizinhas. Além disso, foram contratados aproximadamente 100 fornecedores, sendo o material fornecido preferencialmente pela indústria local. Levando-se em conta a média do IBGE, pelo menos 2.000 famílias dependem diretamente das obras para a sua própria subsistência.

Para além dos impactos imediatos, ao realizar a expansão, a empresa mais uma vez assume a posição de vanguarda. Logo, os navios New Panamax serão uma realidade na costa brasileira, e Salvador já estará preparada para recebê-los. Somos o segundo porto brasileiro a obter a autorização da Capitania dos Portos para atracar navios de até 366 metros de comprimento (LOA) com capacidade para 14.000 TEUs e em condições especiais, sem restrições de navegabilidade.

Ampliar o berço é de grande importância para que o Porto de Salvador se mantenha entre os principais portos do país, permitindo a atração de novas rotas marítimas, ampliando as condições de atendimento para outras cargas e mantendo a competitividade da Bahia para novos negócios.  

Resultará em melhoria da competitividade?  Como?

Quando falamos em competitividade, estamos, também, falando de capacidade de atendimento e agilidade na movimentação das cargas. O terminal já conta com uma infraestrutura de atendimento eficiente, com equipes treinadas e tecnologia de ponta para que o armador tenha sua carga movimentada no menor tempo possível. Todo o agendamento e acompanhamento é feito on-line. A ampliação vem somar. Com a expansão, o berço de atracação passa a ter capacidade para atracar dois navios New Panamax (366 metros), simultaneamente. Isso gera economia, gera mais mobilidade, aumenta a confiabilidade e viabiliza atrair novos serviços para a Bahia.

Nesta primeira etapa da obra de ampliação está previsto um aumento da capacidade do pátio do terminal, de 430 mil TEUs (medida equivalente a um contêiner de 20 pés) para 550 mil TEUs. Em uma etapa seguinte da obra, a previsão é de ampliar essa capacidade para 925 mil TEUs.

Atualmente o Tecon é responsável pela geração de centenas de empregos diretos e indiretos visto que envolve toda a cadeia logística nos diversos modais. Mas, a constante modernização dos equipamentos e a evolução dos sistemas operacionais implantados no Tecon, certamente vão contribuir ainda mais para o aumento da produtividade operacional do terminal. Esses processos podem induzir a uma retração no quadro de pessoal como tem ocorrido no setor agrícola, onde dezenas de trabalhadores estão sendo substituídos por eficientes máquinas? 

Investir em tecnologia é importante para a produtividade, para a segurança das operações e dos operadores. Investimos em equipamentos elétricos que reduzem consideravelmente a emissão de gases poluentes. Com o novo berço, adquirimos três novos portêineres e cinco novos RTGs.

Qual a previsão de aumento de postos de trabalho após a conclusão do empreendimento total? 

Inicialmente, a previsão é de ao menos 100 oportunidades, que vão surgindo gradualmente, em acordo à execução das atividades e demandas. Mas, com o avanço dos novos negócios acreditamos que esse número também aumente. 

O sistema de Cabotagem tem apresentado uma evolução bastante expressiva nos últimos anos. A concorrência entre os portos está cada vez mais acirrada. Como o Tecon está se preparando para atender uma demanda bem maior nesse processo e quais vantagens competitivas o terminal está oferecendo em relação aos seus concorrentes mais diretos?

No Tecon Salvador a cabotagem registra recordes seguidos de movimentação. É um modal para o qual criamos uma equipe comercial exclusiva, dedicada a mapear oportunidades e estudar com o mercado a viabilidade, possíveis entraves e apresentar soluções.

Em 2019, a movimentação geral de contêineres pelo Tecon Salvador superou o recorde histórico anual alcançado no ano anterior - foram movimentados 211.540 contêineres, 4% a mais que o praticado em 2018, quando o resultado chegou a 203.979 contêineres. A Cabotagem foi um dos destaques. Mantivemos o atendimento a setores já consolidados e ampliamos a atuação em outros segmentos, como Couro, Óleos e Lubrificantes e Cacau e seus derivados.

O que você espera para o futuro do Tecon? Qual a perspectiva de carga com a ampliação? 

Trabalhamos para continuar crescendo e contribuindo com o desenvolvimento logístico do país, sendo um agente colaborador para serviços e empreendimentos que geram emprego e movimentam a economia – dentro e fora da Bahia. Esse ano, completamos 20 anos de funcionamento, temos um compromisso de continuar investindo para que terminal de contêineres do porto baiano se mantenha como referência de produtividade e eficiência operacional com grande destaque entre os principais portos do Brasil.