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Transporte Aéreo

Transporte aéreo foi fator fundamental para disseminar a Covid-19

Pesquisadores da Ufba, UFG e UFJ realizaram pesquisa para verificar a influência de vários fatores

25/04/2020 07h34

Foto: Fernando Frazão - Agência Brasil

Clima, distâncias geográficas, aspectos socioeconômicos e conexões internacionais via transporte aéreo foram as variáveis analisadas em um estudo para verificar a influência de cada uma nas taxas de crescimento de Covid-19 entre os países mais atingidos pela doença no mundo. O estudo foi realizado por pesquisadores das universidades federais da Bahia (Ufba), de Goiás (UFG) e de Jataí (UFJ), através do grupo de trabalho em “Macroecologia Humana” do Instituto Nacional de Ciência & Tecnologia (INCT) em Ecologia, Evolução e Conservação da Biodiversidade (EECBio).

Entre as variáveis pesquisadas, o maior impacto observado nas taxas de crescimento da doença está relacionado aos transportes aéreos e suas conexões entres os diferentes países e aeroportos. “Ao analisar esses fatores, mostramos que a exponencial de crescimento da Covid-19 não é impulsionada por variáveis climáticas e socioeconômicas em escala global e é explicado principalmente pela importância do país na rede global de transportes”, afirma o estudo em fase de revisão científica para publicação, foi apresentado em preprint publicado no site medrxiv (servidor de preprints especializado na área de saúde), no último dia 6 de abril.

Por outro lado, não foram identificadas influências de fatores climáticos para diminuição ou aceleração da propagação do novo coronavírus. “O clima não tem sido uma barreira para conter a disseminação do vírus”, afirma o professor Ricardo Dobrovolski, do Instituto de Biologia da Ufba, que integra o grupo de pesquisadores.

Dobrovolski aponta o exemplo do Brasil, país de clima tropical e altas temperaturas, que teve a segunda maior taxa de crescimento exponencial da Covid-19 identificada pelo estudo (0.27), atrás apenas dos Estados Unidos (0.29), conforme aponta o mapa. Os resultados demonstram que as condições climáticas não impactam nas taxas de crescimento do vírus nos diferentes países, ao contrário do que sugeriam alguns estudos prévios sobre o comportamento de outros tipos de vírus sob altas temperaturas.

O estudo calculou as taxas de crescimento da doença causada pelo novo coronavírus em 44 países que registraram 100 ou mais casos e para os quais as séries temporais já tinham mais de 10 dias após esse centésimo caso. Os resultados foram relacionados às variáveis pesquisadas. Através de um modelo estatístico, foram considerados ainda logaritmos como o tamanho da população e o produto interno bruto de cada país.

Por outro lado, o fato de o Brasil ser um país relativamente bem conectado por voos internacionais na região da América do Sul e suas relações comerciais internacionais ajudam a explicar a taxa de crescimento exponencial verificada no país. Foram considerados nesse estudo informações de transportes da Open Flights, com dados de mais de 60 mil conexões entre mais de 7 mil aeroportos de todo o mundo. Em uma análise de dados em escala global, as taxas de crescimento foram observadas a partir dos números de novos casos diários de Covid-19 registrados pelo Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças (ECDC) e pela universidade Johns Hopkins.

Fonte: #Colabora