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Sustentabilidade

Vírus invade aldeias no rastro do desmatamento

O Inpe divulgou que os alertas de desmatamento na Amazônia bateram recorde histórico neste 1º. trimestre

21/04/2020 09h04

Foto: Divulgação

Varíola, sarampo, tifo e caxumba não faziam parte da realidade dos indígenas brasileiros até a chegada dos colonizadores europeus no século XVI. Essas doenças, ao serem introduzidas naquelas populações sem defesas para combater vírus e bactérias até então desconhecidos por esses lados do mundo, dizimaram aldeias inteiras. 

Essa semana, um adolescente yanomami de 15 anos morreu de Covid-19, a infecção causada pelo novo coronavírus. A doença foi levada para a região amazônica por madeireiros que derrubam a floresta ilegalmente.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou que os alertas de desmatamento na Amazônia bateram recorde histórico para o primeiro trimestre deste ano, em comparação ao mesmo período dos últimos quatro anos, quando o monitoramento pelo sistema Deter-B começou a ser feito.

Ao todo, em janeiro, fevereiro e março de 2020 foram emitidos alertas para 796,08 km² da floresta, um aumento de 51,45% em relação a 2019, quando foram emitidos alertas para 525,63 km². As áreas mais afetadas no primeiro trimestre deste ano foram a Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará; a área de proteção ambiental do Tapajós, também no Pará; e a reserva extrativista Chico Mendes, no Acre. Todas essas regiões possuem comunidades indígenas.

Os madeireiros ilegais não só prejudicam o meio ambiente com a extração desenfreada em um dos sistemas mais ricos em biodiversidade do mundo, como também reeditam medos coloniais, ao levarem para as aldeias doenças para as quais os índios não possuem defesas imunológicas. A situação fica ainda mais grave quando a doença em questão é tão nova que a ciência sequer entendeu direito ainda como é o seu ciclo. 

Ninguém no planeta possui ainda defesa natural contra o vírus Sars-Cov-2 e, na busca por uma vacina que previna ou um medicamento que cure a infecção, o sangue das pessoas que sobreviveram à Covid-19 vem sendo requisitado para testes, em busca de anticorpos.

A ciência, no entanto, por mais que corra diante de uma pandemia voraz, não consegue ser tão rápida quanto a sanha por lucro de quem derruba milhares de hectares de árvores. O que ocorre na Amazônia atualmente - e que no ano passado gerou tanta saia justa diplomática para o governo brasileiro -, além de crime ambiental, é genocídio

Fonte: Jornal Correio