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Artigo

A integração FICO-FIOL

Waldeck Ornélas

13/03/2023 06h05

Foto: Divulgação 

O ministério dos Transportes acaba de confirmar, para o próximo mês de abril, a licitação das obras do lote 7F, no município de São Desidério, o último da FIOL 2 – ligação Caetité-Barreiras. Do mesmo modo, o Ministério anuncia, também para abril, a fase final dos estudos para o corredor FICO-FIOL. Mas qual trecho 3 da FIOL será implantado?

À unanimidade, a Bahia tem se manifestado em defesa da integração FICO-FIOL, mas rejeita a proposta do traçado inicial, que interliga Barreiras a Figueirópolis (TO), a 209 km de Mara Rosa (GO) – onde começa a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (FICO) – incompatível com o objetivo da integração ferroviária.

A própria VLI, controladora da FCA, que está devolvendo em condições precárias a malha da antiga RFFSA, marcando duplo, requereu e já obteve autorização para implantar dois ramais ferroviários no Oeste baiano, um deles entre Correntina e Arrojolândia, no sentido de Mara Rosa, mas com apenas 83 km de extensão.

Nessa mesma área, a Aprup – Associação dos Produtores Rurais da Chapada do Rio Pratudão, que abrange o verdadeiro Sudoeste baiano, promoveu estudos que resultaram em duas sugestões para o traçado ferroviário, servindo à sub-região.

Seguidor de Vasco Neto, o eng. ferroviário Rafael Vasconcelos defende o traçado pela antiga EF-035, passando por Januária (MG) e Brasília antes de alcançar Mara Rosa. Resisto a esta alternativa por entender que, saindo por Brasília e Januária, os grãos do Centro-Oeste vazarão inexoravelmente para o porto do Açu (RJ), como estabelecido no PIL – Programa de Investimento em Logística (governo Dilma), ou para um dos novos portos autorizados para o litoral do Espírito Santo.

Na recente apresentação do Plano Estratégico Ferroviário da Bahia, elaborado pela Fundação Dom Cabral para a CBPM – Companhia Baiana de Pesquisa Mineral, foi recomendada a ligação Guanambi – Mara Rosa, com 690 km de extensão, parte dela paralela ao trecho 2 da FIOL. Prefiro a ligação direta a partir de Correntina, reduzindo a distância para 414 km em linha reta, ante os 505 km de Barreiras-Figueirópolis.

Antigo “Porto do Brasil” e com o mais extenso litoral dentre todos os estados brasileiros, a Bahia tem ficado sistematicamente à margem das importantes e estratégicas decisões nacionais – públicas e privadas – relativas às estruturas porto-ferroviárias.

Tal como está desenhado hoje o sistema ferroviário nacional, os grãos do Oeste escoarão pela Ferrovia Norte-Sul (FNS), por onde também virão os fertilizantes necessários à produção baiana.

A Rumo vem implantando terminais ao longo de sua concessão na FNS, que se estende até Porto Nacional (TO), e pediu autorização para implantar o trecho 3 da FIOL, entre Barreiras e Figueirópolis; por sua vez, a VLI já implantou o Terminal de Palmeirante, também no Tocantins. Cada um desses terminais dá lugar ao surgimento de novos polos de misturadoras de fertilizantes.

Em “A Bahia está perdida?” (Correio, 21/2/22), mostrei que nosso estado é o único perdedor na disputa entre Rumo e VLI. Ocorre que as mesmas empresas – concessionárias de ferrovias ou misturadoras de fertilizantes – atuam em todas as frentes, por todo o território nacional. Fica claro: a Bahia é que tem de se movimentar em defesa dos seus interesses!

A formação do Corredor Centro-Leste – pela integração direta FICO-FIOL – constitui a última e derradeira oportunidade que tem a Bahia para se fazer presente no cenário logístico nacional. Fora disto, estará condenada a penar em definitivo isolamento logístico.  

Neste momento – e já estamos na undécima hora – é indispensável e crucial que a Bahia se manifeste, de forma uníssona, sob a liderança do seu governo, para conquistar a solução desejada.

Salve-se a Bahia, enquanto ainda é possível!

Waldeck Ornélas, especialista em planejamento urbano-regional, é autor de Cidades e Municípios: gestão e planejamento.

O conteúdo dos artigos é de responsabilidade dos seus autores. Não representa a opinião do MODAIS EM FOCO.