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Gestão Pública

Abrigos de idosos não receberam o orçamento contra coronavírus

O governo deveria reservar pelo menos R$ 160 milhões para socorrer os lares de cuidados aos idosos e desamparados

23/10/2020 08h55

Foto: Divulgação

Dos R$ 587,49 bilhões autorizados paras as ações emergenciais de combate à Covid-19, R$ 451,69 bilhões (76,9%) já chegaram a seu destino. Foram liberados 100% dos recursos de socorro previstos para as micros e pequenas empresas (R$ 47,9 bilhões) e do financiamento da folha salarial de empresas de maior porte (R$ 17 bilhões). Mas, em sentido oposto, nenhum real foi concedido para as instituições de longa permanência para os idosos (Ilpis).

Os dados foram compilados pela Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados desde o início da pandemia até o dia 15 de outubro. De acordo com a Lei 14.018, de 2020, o governo deveria reservar pelo menos R$ 160 milhões para socorrer os lares de cuidados aos idosos e desamparados.

Pela legislação, originária do PL 1.888/2020, o dinheiro deve ser utilizado em ações de prevenção e de controle da infecção dentro das Ilpis; compra de insumos e de equipamentos básicos para segurança e higiene dos residentes e funcionários; compra de medicamentos; e adequação dos espaços para isolar casos suspeitos e leves.

Segundo informações do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, 3.360 dessas Ilpis se candidataram a receber o auxílio e 1.965 foram habilitadas. O prazo para que as outras 1.395 recorram da decisão terminou na última segunda-feira (19). O dinheiro será dividido considerando o número de pessoas atendidas em cada entidade autorizada a receber.

Esses abrigos são uma espécie de residência coletiva, que atendem idosos carentes, abandonados. Lá, eles costumam receber cuidados, como fisioterapia, medicamentos, alimentação e vestuário. Parte das instituições é mantida com doações e pagamentos de mensalidades que se somam ao orçamento dos serviços de saúde e assistência social.

Na opinião do senador Paulo Paim, o governo precisa agir rápido e começar a executar os valores destinados às instituições, que aguardam recursos desde o início de julho em estado de penúria.

— Os recursos são essenciais para prevenir a disseminação do novo coronavírus entre os idosos atendidos. São do grupo de risco. É urgente! O Congresso aprovou no fim de junho R$160 milhões. Infelizmente, o prazo de 30 dias para repasse dos recursos foi vetado. É preciso derrubar esse veto para os pelo menos 120 mil idosos atendidos por essas instituições. Não custa lembrar que a Constituição e o Estatuto do Idoso obrigam a sociedade e as famílias a protegerem as pessoas idosas — disse Paim.

Izalci Lucas lembrou que esses cidadãos precisam de atenção por não terem, muitas vezes, o básico para os cuidados diários.

— As entidades estão com dificuldade de sobrevivência, sem comida, material de limpeza — lamentou.