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Transporte Aéreo

Acordos internacionais vão movimentar o mercado aéreo brasileiro

Novo grupo formado por Avianca, GOL e Viva é anunciado em meio a altas de até 174% no preço das principais rotas

31/05/2022 10h06

Foto: Divulgação 

Depois de quase dois anos de poucas novidades, o mercado aéreo volta a se movimentar e a apresentar números relativamente próximos aos de antes da pandemia.

Nesse contexto de retomada, a colombiana Avianca anunciou, na mesma quinzena, a compra de 100% das ações da companhia aérea de baixo custo Viva Air, também da Colômbia, e a criação do grupo ABRA, junto com a brasileira Gol.

“Este acordo não supre a necessidade de mais competitividade aérea no Brasil, mas vem a calhar em um momento de forte alta nos preços”, explica Thomas Allier, CEO do buscador de voos Viajala.com.br, fundado na Colômbia.

Desde a quebra da Avianca Brasil, no primeiro semestre de 2019, o país ficou com apenas três companhias aéreas nacionais (já que a ITA, do grupo Itapemirim, operou por apenas um semestre no ano passado). 

A queda da competitividade causou um aumento quase instantâneo no preço médio das passagens. Na ocasião, o Viajala fez um levantamento para diagnosticar esse aumento e apontou que 85% das rotas nacionais apresentaram aumento de preço médio assim que a quebra da Avianca foi anunciada. Vale ressaltar que Avianca Brasil e Avianca Colômbia são empresas diferentes.

E o problema continua. Segundo dados do Viajala, as rotas mais buscadas na plataforma ficaram mais caras. Foram comparados os preços médios encontrados no mês de fevereiro de 2020, último mês antes da pandemia, para viajar ao longo daquele ano, com os encontrados no mês passado, abril, para viajar em 2022.

O preço médio de voos de ida e volta de São Paulo a Recife, o mais procurado pelos usuários do buscador, subiu 134%, de R$ 581 para R$ 1.359. A passagem de ida e volta de Rio de Janeiro a João Pessoa ficou em média 142% mais cara (subiu de R$ 849 para R$ 2.060).

São Paulo – Salvador, também ida e volta, teve uma alta de 174% no preço médio entre o pré-pandemia e agora, subindo de R$ 469 para R$ 1.288. O voo internacional mais procurado, São Paulo – Lisboa, sofreu aumento de 98% (de R$ 3.549 em 2020 para R$ 7.025 no último mês) no preço médio de ida e volta. 

“O preço médio dos voos diretos do Brasil para a Colômbia aumentou cerca de 113% de 2020 para cá, e o preço para Miami, por exemplo, cidade americana com a qual a Colômbia tem conexão estratégica pela posição, subiu cerca de 95%”, aponta Allier.

Segundo ele, mais rotas diretas entre Brasil e Colômbia, fruto do acordo, além de agilizar o fluxo entre os dois países, também podem tornar mais fáceis, baratas e rápidas as viagens para Estados Unidos, México e região do Caribe.

“Como a Avianca Colômbia e a Gol não são companhias aéreas concorrentes (diferente do que era a Avianca Brasil), é razoável dizer que a aliança trará muitos benefícios. Uma gestão mais eficiente de recursos e uma oferta renovada significam mais possibilidades de viagens, voos melhores (diretos ou com conexões mais convenientes) e uma provável queda nos preços.”

E este não é o primeiro movimento no ano dessa dobradinha Colômbia-Brasil. A Viva Air deve lançar dentro de um mês a rota Medellín – São Paulo e já pediu autorização para operar rotas de Belo Horizonte a Medellín, e Cali e Cartagena a São Paulo e Rio.

“Esse acordo pode fomentar a abertura de novas rotas internacionais, além de ampliar a presença nacional com cooperações comerciais e voos compartilhados (codeshare).”

Para Allier, quem leva a pior com as últimas mudanças é o consumidor colombiano. “Viva Air e Avianca eram, de fato, concorrentes. O que aconteceu é que uma fatia maior da malha aérea está nas mãos da mesma empresa, o que pode fazer com que o preço aumente pela falta de concorrência”, conclui Thomas Allier.

Fonte: Aeroflap