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Sustentabilidade

Alertas de desmatamento na Amazônia batem recorde em março

Foram 367, km² no mês passado, conforme medições do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe

10/04/2021 09h11

Foto: Divulgação

O desmatamento mensal na Amazônia voltou a crescer em março e bateu o recorde para o mês no histórico recente do Deter, sistema de monitoramento de desmate do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), com início em 2015.

O Deter tem a função de auxiliar órgãos de fiscalização ambiental em ações de combate a crimes. Os dados da plataforma, porém, podem ser usados para observar o avanço do desmatamento no bioma.

Os dados do Inpe, atualizados na sexta (9), apontam 367,61 km² de desmatamento. O recorde anterior pertencia a 2018, com 356,6 km² destruídos, seguido por 2020, com 326,49 km² derrubados.

A destruição da floresta em março teve crescimento de 12,6% em relação a março de 2020, ano em que o desmatamento atingiu os níveis mais elevados dos últimos 12 anos, mesmo em meio à pandemia da Covid-19.

Historicamente, os próximos meses tendem a ter números maiores de desmatamento, com a aproximação da temporada seca na floresta, período que concentra a derrubada de floresta e queimadas na Amazônia.

Além da perda de biodiversidade, o desmate tem outro impacto relevante: emissão de gases-estufa. A destruição da Amazônia é a principal fonte de emissões do Brasil.

Internacionalmente, o país tem sido pressionado para colocar por ações no combate ao desmatamento, cobrança que deve ser intensificada durante a gestão do democrata Joe Biden, presidente dos EUA. Enquanto isso, o bilionário Fundo Amazônia, que financiava medidas de combate ao desmatamento e incêndios, foi paralisado e posteriormente terminado na gestão Jair Bolsonaro.

Janeiro e fevereiro tiveram redução de desmatamento, o que era comemorado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, chefe do Conselho da Amazônia, como uma tendência de queda de desmate. Nos meses de redução, Mourão vinha se antecipando ao Inpe e divulgando os dados de desmatamento antes da disponibilização dos mesmos na plataforma do instituto.

O Ministério da Defesa também chegou a celebrar a redução de desmate em fevereiro e atribuiu a diminuição à Operação Verde Brasil 2, que colocou militares na floresta para combate ao desmatamento.

No entanto, os números de destruição da Amazônia permanecem elevados apesar da presença militar dos últimos anos. O uso do Exército para combate ao desmate tem sido questionado por especialistas, que apontam que os militares deveriam somente auxiliar as ações de fiscalização de órgãos ambientais especializados no combate ao desmate.

Alguns meses de 2020 também apresentaram diminuição no desmatamento, mas em relação a meses de 2019 com recordes de destruição, acima de 1.000 km² e 2.000 km² de floresta derrubada.

Posição do Greenpeace

“O que já é ruim pode piorar, com Ricardo Salles trabalhando contra o meio ambiente e o Congresso Nacional trabalhando para legalizar grilagem, flexibilizar o licenciamento ambiental e abrir terras indígenas para mineração, o desmatamento tende a continuar em alta”, diz Cristiane Mazzetti, gestora Ambiental do Greenpeace.

O Greenpeace afirma que o atual governo é responsável por um "aumento histórico do desmatamento com taxas anuais não observadas desde 2008, com 9% de aumento em 2020 comparado ao ano de 2019". A organização ainda lembra a paralisação do Fundo Amazônia e corte de recursos para a proteção do meio ambiente, como verificado no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2021.

A entidade aponta ainda que grandes polígonos de desmatamento têm sido cada vez mais observados nas imagens de satélite, com áreas de até 5 mil hectares.

“Voltamos à era dos grandes desmatamentos e em meio a medidas que promovem o desmatamento na Amazônia e premiam os criminosos, o Deter de março é mais um motivo para que o governo Biden não assine um “cheque em branco” com o governo de Bolsonaro”, completa Cristiane.