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Sustentabilidade

AM: Nasa aponta que queimadas são fruto de desmatamento

Ferramenta da agência espacial classifica diferentes tipos de incêndios

23/08/2020 10h25

Imagens de satélite mostram queimadas em 1º de agosto na Amazônia - Foto: Nasa

A análise da Nasa é baseada em uma nova ferramenta da agência, desenvolvida em parceria com a Universidade da Califórnia em Irvine, nos EUA, e com a Universidade Cardiff, no País de Gales, que classifica os incêndios na Amazônia. A classificação —queimadas ligadas a desmatamento ou limpeza de pasto, por exemplo— é feita a partir das características do fogo, como tamanho e comportamento. Queimadas ligadas a desmatamento, por exemplo, são maiores, duram mais tempo e apresentam colunas de fumaças maiores.

Para conseguir apontar possíveis incêndios relacionados a desmate, a ferramenta faz cruzamento de dados de desmatamento do Inpe.

Seus dados também mostram que as afirmações de Mourão e Bolsonaro não fazem sentido. “Há um notável aumento na atividade de fogo desde o início da moratória”, afirma Douglas Morton, líder do laboratório de ciências da biosfera da Nasa, na análise. “Nós também vimos que uma grande quantidade de incêndios é claramente relacionada a desmatamento. Não são pequenas queimadas relacionadas à agricultura.”

A queimada faz parte do processo de desmatamento. Após derrubar a floresta, os desmatadores deixam a vegetação destruída secando para, durante o período seco na Amazônia, queimá-la. Em outros casos, a vegetação abaixo da copa das árvores maiores é derrubada, o que aumenta a luz que penetra na mata e seca a matéria orgânica no chão, o que facilita queimadas na área.

Os pesquisadores da Nasa também observaram concentrações de queimadas em áreas próximas a grandes rodovias, como a Transamazônica e a BR-163. Cientistas sempre apontam o papel de estradas na expansão de desmatamento e queimadas e, como mostra a análise dos cientistas da agência espacial americana, essa relação é constatável pela localização da destruição.

O lançamento da nova ferramenta ocorre em um momento crítico para a Amazônia, que já está em sua estação seca. Os focos de incêndios na floresta continuam seguindo uma tendência de crescimento.

Em junho, o bioma teve o maior número de queimadas desde 2007, com aumento de 20% de focos de incêndio em relação ao mesmo mês de 2019. Em julho, houve crescimento de 28% no número de focos de fogo.

“Aparentemente, nós estamos caminhando para uma situação comparável à de 2019 ou até pior”, afirma, na análise, Paulo Brando, pesquisador da Universidade da Califórnia em Irvine que ajudou a desenvolver a ferramenta. “A preocupação é que se uma seca mais severa ocorrer e fizer com que a floresta fica mais inflamável, nós poderemos ver um dos piores desastres ambientais na Amazônia no século 21.”

Fonte: Folha de São Paulo