05/03/2022 11h37
Foto: Divulgação
Os preços spot do bunker na América Latina atingiram recordes, como ocorreu em 1º de março com o LSFO (0,5%S) após os fortes aumentos de energia em todo o mundo à medida que as consequências da crise se aprofundam com a invasão russa da Ucrânia, relata S&P Global Platts.
Em vários portos da região, os outros dois tipos de bunker, MGO e IFO 380 com alto teor de enxofre, subiram para níveis não vistos desde 2013-2015. Especificamente em Cartagena, o HSFO atingiu seu valor mais forte em quase uma década.
O 0,5%S ex-pier em Balboa subiu US$ 43 para US$ 816/t em 1º de março em um dia de forte liquidez.
"Disponibilidades apertadas, margens melhores, vamos ver como março se desenrola e esperamos temperaturas baixas na Europa", disse uma fonte do setor à Platts.
O MGO no Porto de Balboa saltou US$ 53 para US$ 985/t, enquanto o IFO 380 com alto teor de enxofre subiu US$ 22 para US$ 620/t.
Como em todos os outros portos avaliados na região, o preço spot de 0,5%S em Balboa foi o mais alto desde que esse combustível passou a ser o mais utilizado no transporte marítimo internacional com a aplicação da regulamentação da IMO. 2020 que estabelece o teor máximo de enxofre para bunkers.
O salto extraordinário nos valores observados em 1º de março pode ser exemplificado pelo fato de o preço mais alto anterior para 0,5%S em Balboa ter ficado US$ 16 abaixo do nível observado em 1º de março (US$ 789/t em 24 de fevereiro). Outros portos mostraram o mesmo padrão, com altas anteriores variando de US$ 16 a US$ 65 abaixo das avaliações de 1º de março.
A MGO em Balboa só teve alta em 5 de setembro de 2014, quando foi avaliada em US$ 986/t.
O preço mais alto anterior do HSFO no porto panamenho foi registrado em 2 de fevereiro em US$ 632/t. Valores em torno de US$ 620 anteriormente só eram observados em junho de 2014.
"Algumas pessoas estão atrasando compras de combustível, o que é uma má ideia na minha opinião. O mercado está prestes a subir, além de estar muito apertado nas disponibilidades para HSFO e 0,5%S", disse uma fonte do mercado sobre a situação em Balboa.
Quanto às pressões que o Panamá pode enfrentar agora em termos de disponibilidades importadas, a fonte acrescentou: "Esperamos que o HSFO seja novamente muito restrito devido ao fato de que o M100 vindo da Rússia não poderá chegar à costa do Golfo dos EUA. EUA por enquanto, então o mercado será muito, muito apertado."
Os preços disparam
No Porto de Callao, o MGO subiu US$ 70 dia a dia para US$ 1.150/t, enquanto 0,5%S subiu US$ 65/t para US$ 940/t. A última vez que o MGO foi observado mais alto no porto peruano foi em 17 de novembro de 2014 a US$ 1.152,5/t.
No Porto de Santos, o 0,5%S subiu US$ 16 para US$ 798/t, mas o MGO não ficou em US$ 893/t. No entanto, foi o preço mais alto do MGO no Brasil desde que a Platts lançou sua avaliação em janeiro de 2016.
No Porto de Cartagena, que tradicionalmente não acompanha de perto as oscilações do petróleo mundial, reagiu no dia 1º de março com um aumento de US$ 26 para US$ 820/t para 0,5%S mas o MGO subiu apenas US$ 1 para US$ 896/t em meio a uma ampla gama de indicadores que chegaram a US$ 910/t. O preço mais alto do MGO no porto colombiano só foi encontrado em 23 de dezembro de 2014, em US$ 897/t.
O IFO 380 com alto teor de enxofre em Cartagena foi avaliado em US$ 730/t, seu maior preço já registrado desde US$ 747,50/t em 17 de maio de 2012.
No porto de Guayaquil, o IFO 380 com alto teor de enxofre foi cotado a US$ 648/t, seu preço spot mais forte desde US$ 656/t em 22 de abril de 2014. O MGO em Guayaquil foi cotado a US$ 1.031/t, com o maior nível registrado em 16 de janeiro de 2015 a US$ 1.033/t.
O Porto de Valparaíso também não ficou imune ao ambiente internacional e apresentou um aumento de US$ 20 em 0,5%S para US$ 997/te um salto de US$ 25 no MGO para US$ 1.013/t, superado apenas por um valor de US$ 1.022 /t em 16 de dezembro de 2014.
"Os preços estão mudando constantemente", disse um fornecedor de bunker. "Há muita instabilidade."
Ressalte-se que o preço médio mundial do bunker atingiu US$ 803/t na segunda-feira, 28 de fevereiro. “À medida que a situação fica cada vez mais fora de controle, podemos ainda não ter visto o pico e os embarcadores de frete marítimo devem esperar sobretaxas recordes de combustível em seus próximos ajustes de tarifa”, disse o analista do setor marítimo Lars Jensen.
Fonte: Mundo Marítimo