23/11/2022 08h49
Foto: Divulgação
Estudo global da empresa global de consultoria organizacional Korn Ferry mostra que apenas 4 dos 500 CEOs listados no ranking anual da revista "Fortune" das maiores empresas do mundo são negros, representando 0,8% do total.
Há 10 anos, eram 7 (1,4%). Ou seja, além de ser irrisório, o número de diretores executivos (C-Level) negros caiu 43% em uma década.
Com isso, a consultoria prevê que, nos próximos anos, pode haver ainda menos – ou nenhum líder negro na lista.
Os cargos de C-level, como CEOs (Chief Executive Officer), CFOs (Chief Financial Officer), COOs (Chief Operating Officer), CMOs (Chief Marketing Officer) e CTOs (Chief Technology Officer), são os mais altos na hierarquia das empresas.
Cenário no Brasil é similar
No Brasil, o cenário da falta de diversidade é similar. Em uma pesquisa realizada com 73 empresas listadas na B3 em agosto deste ano, 79% responderam ter até 11% de pessoas negras em cargos de diretoria e 78% informaram ter até 11% de pessoas negras em cargos de C-level.
Para a sênior principal e líder de projetos de diversidade, equidade e inclusão da Korn Ferry no Brasil, Milene Schiavo, promover a diversidade de raças e gêneros nas lideranças deve ser uma agenda intencional das organizações, apoiada e patrocinada pelo primeiro nível de liderança.
"Quando a diversidade no C-Level no Brasil é avaliada, o país ainda está muito longe de representar a nossa sociedade", diz.
Para ela, é preciso criar ações estruturadas para que grupos minorizados possam, não apenas ingressar, mas progredir nas organizações e chegar às posições mais sêniores e de alta liderança.
“A pluralidade de líderes promove uma virada de chave na forma como as empresas são comandadas. Deveríamos estar muito mais à frente nesse assunto. E já entendemos e constatamos que empresas que veem a diversidade como algo natural já colhem frutos financeiros”, aponta.
O estudo da Korn Ferry mostrou também que as organizações com times mais inclusivos superam a concorrência. As que têm equipes executivas mais diversas são 70% mais propensas a conquistar novos mercados do que as menos diversificadas e são capazes de gerar receita 38% maior em produtos e serviços inovadores.
Trabalho duro para chegar no topo
O estudo da Korn Ferry entrevistou 28 CEOs negros da área de P&L (lucros e perdas) de empresas do ranking da Fortune 500, que contaram como chegaram até a liderança – menos de 10% dos líderes na área são negros – e 60% deles relataram ter que trabalhar duas vezes mais duro e realizar o dobro de resultado de seus pares para obter o mesmo nível de reconhecimento.
Os executivos também relataram que precisaram repetir feitos de sucesso e demonstrar suas capacidades e provar seu valor para escalar a hierarquia corporativa.
Milene comenta que os executivos ouvidos no estudo precisaram arriscar a carreira em tarefas que outros membros da empresa não queriam assumir justamente para provarem que eram capazes.
"Os projetos extremamente difíceis e que eram descartados pelo time foram assumidos por 36% desses executivos que hoje estão no topo. Esses líderes demonstraram uma tremenda força de vontade e administraram ventos contrários, retrocessos e exclusão social significativos para seguir em frente. Tudo isso por encontrarem ali uma chance de mostrar competências e se destacar em meio a uma competição desigual pelo crescimento corporativo".
Fonte: g1