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Artigo

As esperanças plantadas na Bahia em 2023

Adary Oliveira

30/12/2023 06h03

Foto: Ilustrativa

O ano de 2023 poderia ser chamado na Bahia o ano da esperança. Tudo por conta dos projetos que estão sendo construídos na capital e no interior do estado e têm características que os qualificam como geradores de renda, multiplicadores dos empregos, usuários de fontes renováveis, agregadores de novos tributos e puxados pela força do mercado. A lista aqui observada não é, nem pretende ser, completa, por isso não se esgota. Entretanto, tem poder germinativo de propagação ainda não completamente estudado, mas sugere um caminho para o progresso e diminuição da pobreza que há anos nos desafia. São eles:

No campo do agronegócio, o Projeto Grave, patrocinado pela Shell com participação do Senai-Cimatec e da Unicamp, para realizar pesquisa sobre o aproveitamento pleno do sisal (agave), envolvendo cultivo, desfibramento, transformação industrial, para produção de etanol e emprego do suco e da mucilagem como matéria prima de várias substâncias. O Brasil é o maior produtor de sisal do mundo e a Bahia é responsável por 80% do total; igualmente os trabalhos relacionados com a pesquisa, cultivo e colheita da macaúba para extração de seu óleo e transformação em diesel vegetal. Está prevista a aplicação R$ 12 bilhões em 10 anos e implantação em área de 200 mil hectares.

Com ele se abre uma nova fronteira agrícola arrastada pela produção de um combustível que diminuirá o consumo do óleo diesel, há muitos anos importado pelo Brasil; na mesma esteira espera-se o aumento de produção da soja, milho e algodão, com alta produtividade, suprindo um mercado mundial que não para de crescer com preços compensadores.

Na área da mineração, a construção da Ferrovia Oeste-Leste (FIOL) e do Porto Sul em sua extremidade do Oceano Atlântico, viabilizará a ativação de várias minas, principalmente das de ferro exploradas pela Bahia Mineração (Bamin), empresa que assumiu o protagonismo dessas instalações até Brumado. Quando sua extensão chegar à Barreira e Luiz Eduardo Magalhães, no oeste da Bahia, dará importante apoio a todo agronegócio que se expande pela região.

A exploração e produção de petróleo e gás natural e o refino do petróleo, desenham para a Bahia um novo cenário. O setor atraiu mais de uma dezena de empresas privadas e fortaleceu outras que crescem rapidamente, como a PetroRecôncavo e 3R Petroleum, e se expandem por todo o Nordeste. Na Bahia, além da Acelen, segunda maior refinaria do país, com produção superior a 300 mil barris por dia (bpd), a Dax Oil está sendo ampliada para 12 mil bpd em Camaçari, e duas outras em construção em Simões Filho e Ilhéus. O projeto industrial de destaque vem da Unigel com seu projeto de Hidrogênio Verde de investimento estimado em US$ 1,5 bilhão, capacidade de produção de 100 mil t/ano, e capaz de sintetizar 600 mil t/ano de Amônia Verde, em Camaçari, considerado o maior projeto em execução do mundo. Esse projeto utiliza como matéria prima a água, o vento e o sol. O vento e o sol na geração de energia elétrica limpa: solar fotovoltaica e eólica.

De acordo com informações divulgadas pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE) a Bahia é líder nacional na geração de energia elétrica por fontes renováveis. É o maior produtor de energia eólica e o segundo maior em energia solar. Atualmente estão em operação 281 usinas eólicas e 69 parques solares, com potencial total de 7,67 GW, volume superior ao do complexo de Paulo Afonso. Além disso, existem 65 usinas eólicas em construção, 193 previstas e de 474 construções de solares em fase inicial. Há no estado fábricas de torres, pás, naceles e volume significativo de novas redes de interligação sendo construídas.

Com tantos investimentos no interior, Salvador não está sendo esquecida. Hoje é um dos principais destinos turísticos do País e sua rede hoteleira creste com qualidade de notável sofisticação. A mobilidade urbana melhora a passos largos e os serviços de expansão da rede BRT, ligando a Pituba à Estação da Lapa, bem como a expansão do Metrô até Águas Claras, onde está sendo construída uma nova Estação Rodoviária, apagarão os traços de província para marcar com firmeza definitiva as marcas de metrópole.

Em resumo, a Bahia está no caminho de se manter como estado de maior população rural do Brasil, tendo, com o desenvolvimento desses projetos, a possibilidade de avançar no fortalecimento de sua economia de forma mais bem distribuída. Não se precisa dizer que quase todos os investimentos aqui descritos estão sendo liderados pela iniciativa privada. Espera-se que eles sejam seguidos de melhor sistema educacional, serviço de saúde mais eficaz e segurança que traga mais tranquilidade para os que aqui vivem e os que nos visitam.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected]

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