21/07/2022 14h52
Foto: Manu Dias - Secom - GOVBA.
De 2019 para 2020, o tamanho do setor industrial voltou a crescer na Bahia, após dois anos seguidos de queda no número de unidades locais. Por outro lado, o total de pessoas ocupadas recuou pelo segundo ano consecutivo. Também houve, no período, alta nominal (sem considerar o fato preços) no valor gerado pela indústria no estado (uma aproximação da contribuição para o PIB). Isso levou a um avanço também na produtividade industrial (valor gerado por pessoa ocupada), que atingiu seu recorde em 13 anos. Os dados são da Pesquisa Industrial Anual (PIA) Empresa, que abrange as indústrias extrativas e de transformação.
No primeiro ano de pandemia, estavam ativas em toda a Bahia 5.576 unidades locais de empresas industriais com 5 ou mais pessoas ocupadas, um número 4,1% maior do que em 2019 (5.358), o que representou um saldo de mais 218 unidades industriais em funcionamento, em um ano.
Esse saldo positivo da Bahia foi o 3º maior crescimento absoluto no número de unidades locais entre 2019 e 2020, inferior apenas aos registrados em Santa Catarina (+457) e Rio de Janeiro (+285). Ainda assim, o número de unidades locais na Bahia em 2020 era 6,6% menor que o de 2014, quando o estado teve o seu recorde de 5.973 unidades industriais em atividade.
Com esse crescimento entre 2019 e 2020, a Bahia subiu de nono para oitavo estado em número de unidades locais de empresas industriais do país, voltando a ultrapassar o Ceará (4.962), e retomando a liderança do Nordeste no indicador.
Em 2020, a Bahia respondia por 3,1% das 181.689 unidades locais de empresas industriais com 5 ou mais pessoas ocupadas em atividade em todo o Brasil. São Paulo (29,1%), Minas Gerais (12,4%) e Santa Catarina (10,5%) tinham as maiores participações.
No país como um todo, houve queda no número de unidades locais industriais entre 2019 e 2020, de 183.805 para 181.689 (-1,2% ou menos 2.116 em números absolutos), com reduções em 13 das 27 unidades da Federação.
As unidades fabris em atividade na Bahia, em 2020, empregavam 215.000 pessoas, um contingente 0,5% menor (menos 1.010 trabalhadores) do que o existente em 2019 (216.010 pessoas ocupadas). Foi a segunda queda anula seguida no emprego industrial no estado.
Com o resultado negativo em 2020, o emprego industrial na Bahia se distanciou ainda mais da realidade de 2011, quando o estado havia registrado o maior contingente de pessoas ocupadas no setor (246.721 pessoas), ficando num patamar 12,9% menor, com menos 31.721 trabalhadores em nove anos.
No país como um todo, o número de pessoas empregadas nas unidades locais industriais cresceu 0,7% entre 2019 e 2020, de 7,144 milhões para 7,196 milhões de pessoas (mais 51.952). Houve alta em 17 dos 27 estados.
Com o aumento do número de empresas, de 2019 para 2020 o valor da transformação industrial (VTI), ou seja, o valor líquido gerado pelas unidades locais industriais, descontados os custos de produção (uma aproximação do valor agregado pela indústria ao PIB), voltou a ter crescimento nominal (sem considerar a variação de preços no período) na Bahia – após haver registrado queda entre 2018 e 2019.
A indústria baiana gerou um VTI de R$ 56,888 bilhões em 2020, 5,4% maior do que no ano anterior (mais R$ 2,923 milhões). Nesse período, a Bahia manteve o oitavo maior valor de transformação industrial do país. A indústria baiana respondia, em 2020, por 3,8% do valor gerado pelo setor nacionalmente, que foi de R$ 1,514 trilhão, 9,9% superior ao de 2019.
Em 2020, São Paulo respondia por quase um terço do total gerado pelas unidades locais industriais em atividade no Brasil (30,4%). Em seguida vinham Minas Gerais (12,5%) e Rio de Janeiro (11,0%).
Produtividade do trabalho
O aumento no valor gerado pela indústria baiana em 2020, aliado à queda no número de trabalhadores no setor, levou a um recorde na produtividade (valor gerado por pessoa ocupada), que chegou a R$ 264.596/ocupado.
Houve um aumento nominal de 5,9% frente a 2019 (R$ 249.829). O estado voltou a apresentar crescimento nesse indicador, após o resultado negativo entre 2018 e 2019. Apesar disso, a Bahia caiu no ranking nacional da produtivo industrial, da 5ª para a 6ª posição. Pará (R$ 912,1 mil/pessoa ocupada), Rio de Janeiro (R$ 503,1 mil/ocupado) e Amazonas (R$ 444,4 mil/ocupado) lideravam na produtividade industrial, em 2020.
No país como um todo, a produtividade das unidades locais industriais foi de R$ 210,4 mil por pessoa ocupada em 2020, 9,1% maior que em 2019.
Indústria alimentícia lidera aumento de unidades locais
Em 2020, o aumento no número de unidades locais industriais na Bahia foi puxado, em termos absolutos, pela fabricação de produtos alimentícios.
As unidades locais do segmento no estado passaram de 854, em 2019, para 1.422 em 2020: mais 66,5% ou mais 568 unidades em funcionamento, em um ano. Com isso, a produção de alimentos se manteve como o setor com mais unidades na indústria baiana, representando 25,5% do total do estado.
Por outro lado, a confecção de artigos do vestuário e acessórios foi o segmento que mais perdeu unidades no estado, caindo de 427 em 2019, para 234 em 2020, o que representou menos 193 unidades no período (-45,2%).
Por isso esse setor foi o que mais influenciou na queda geral no pessoal ocupado na Bahia. Entre 2019 e 2020, o número de trabalhadores no segmento de vestuário recuou de 11.261 para 9.798 (menos 1.463 ou -13,0%).
Por outro lado, o segmento que mais ajudou a segurar a queda no pessoal ocupado na indústria baiana no período foi o de fabricação de produtos de minerais não-metálicos, que teve um aumento de 1.528 trabalhadores, chegando a 15.771 em 2020 (+10,7% no período).
A fabricação de produtos alimentícios também teve leve aumento no pessoal ocupado (+0,1% ou mais 48 trabalhadores), chegando a 40.486, mantendo-se como o setor que mais emprega na indústria baiana, com 18,8% dos ocupados.
Enquanto, na Bahia, a indústria alimentícia tem mais unidades e emprega mais, os dois líderes históricos na geração de valor industrial são, respectivamente, a fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis e a fabricação de produtos químicos.
O primeiro segmento gerou, em 2020, R$ 14,7 bilhões (25,9% do VTI do estado), enquanto o segundo teve VTI de R$ 8,5 bilhões (14,9% do total). Juntos, responderam, portanto, por R$ 4 de cada R$ 10 gerados pela indústria na Bahia (40,8% do VTI do estado).
Entretanto, entre 2019 e 2020, quem mais puxou para cima o valor da transformação industrial baiana, em termos absolutos, foi a fabricação de celulose, papel e produtos de papel, com um ganho de R$ 1,718 bilhão em um ano (+45,4%). Em segundo lugar veio a fabricação de produtos químicos (mais R$ 1,718 bilhão ou +25,4%) e, em terceiro, a fabricação de produtos alimentícios (mais R$ 1,391 bilhão ou +29,5%).
A fabricação de celulose, papel e produtos de papel, além de ter liderado o aumento do valor da transformação, também teve o maior ganho absoluto de produtividade do trabalho no período, passando de R$ 442,7 mil/ocupado, em 2019, para R$ 628,5 mil/ocupado em 2020 (mais R$ 185,9 mil ou mais 42,0% em um ano).
Nordeste
Com o aumento do VTI entre 2019 e 2020, a indústria baiana voltou a ter um leve ganho participação no valor gerado pelo setor no Nordeste, após haver registrado queda entre 2018 e 2019.De 2019 para 2020, a participação baiana no VTI da região passou de 39,7% para 39,8%. As unidades locais industriais do Nordeste geraram, em 2020, R$ 143,1 bilhões.
Frente a 2011, quando concentrava 43,1% do valor gerado pelas unidades locais industriais do Nordeste, a Bahia teve uma perda de participação de 3,3 pontos percentuais, a maior entre os estados da região. Nesse período, os únicos estados que ganharam participação no valor gerado pela indústria do Nordeste foram Pernambuco (de 16,1% para 20,0%), Maranhão (de 4,9% para 7,9%) e Ceará (de 13,4% para 14,0%).