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Gestão

Baianas de acarajé passam por grandes necessidades

Elas perderam totalmente sua renda por conta do isolamento social pelo coronavírus

06/06/2020 09h44

Foto: Divulgação

Mais de 3 mil baianas vendedoras de acarajé e mingau que trabalham na informalidade em Salvador e região perderam totalmente sua renda por conta do isolamento social pelo coronavírus. A grande maioria são chefes de família e possui idade avançada fazendo parte do grupo de risco.

“As pequenas vendedoras, que vendem de manhã para ter o que jantar de noite, não têm condições de trabalhar com delivery. São essas as baianas que mais estão sofrendo”, afirmou Rita Santos, coordenadora nacional da Abam (Associação Nacional das Baianas de Acarajé e Mingau, Receptivos e Similares).

Para ajudar essas mulheres, Rita está arrecadando fundos para a compra de cestas básicas. A vaquinha atenderá emergencialmente as famílias mais afetadas. A doação pode ser feita em boleto ou cartão de crédito.

“Precisamos protegê-las. Também não adianta ir para a rua vender, porque não tem quem compre”, ressalta Rita.

A história das baianas de acarajé e mingau

Desde o regime de escravização até os dias atuais, a venda do acarajé, do mingau e quitutes da culinária africana consolidou-se como uma alternativa para a sobrevivência material e simbólica de mulheres negras.

São as baianas de acarajé e mingau que asseguram a sobrevivência de famílias inteiras através desta atividade tradicional. “Cada uma delas emprega até dez pessoas, que dependem do que vamos levar”, explica Rita.

Em 2002, fruto da parceria entre a Abam e o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) a receita do acarajé foi tombada como patrimônio imaterial.

Anos mais tarde, em 2014, através de uma nova parceria com o Centro de Estudos Afro-Orientais de Universidade Federal da Bahia e o Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, o oficio das baianas de acarajé foi inscrito no Livro dos Saberes, como patrimônio cultural brasileiro.

Sobre a Abam

A Abam - Associação Nacional das Baianas de Acarajé e Mingau, Receptivos e Similares é uma entidade sem fins lucrativos fundada em 1992, com objetivo de agregar essas mulheres para reivindicar e salvaguardar seus direitos, além de promover a sua profissionalização e desenvolvimento. 

O ofício só foi reconhecido em 2017, com a inclusão da categoria na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Com mais de 3 mil associadas, possui núcleos locais em mais de 13 cidades na capital baiana, no Brasil e no exterior.