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Logística

Como o setor de transporte se adaptou para manter o abastecimento

Empresas de logística, tecnologia e pagamentos tomam ações para aumentar a segurança dos caminhoneiros nas estradas

07/04/2020 11h35

Foto: Pixabay

Cerca de 60% da população brasileira está em isolamento, mas há setores que precisam continuar operando. Além de mercados e farmácias, o mercado de transporte e logística também se mantém rodando. Para garantir o abastecimento de alimentos e produtos mesmo em meio à pandemia do coronavírus, empresas de logística, transportadoras e concessionárias de rodovias estão tomando medidas para aumentar a segurança para caminhoneiros.

“É um setor muito sensível, pois uma parcela muito significativa do transporte acontece nas rodovias”, diz Sérgio Garcia, diretor executivo de operações da Arteris, concessionária de rodovias com 3,4 mil quilômetros sob operação.

“Diferente de outros setores, o nosso não para”, diz Charlie Conner, presidente da Sotran, plataforma digital para motoristas que atua principalmente com o agronegócio. Segundo ele, a pandemia do coronavírus chegou justamente no meio da colheita de safra, que neste ano bateu recordes de produção.

O Brasil registrou uma queda de 26% no volume de cargas transportadas por caminhões nos dias 23 e 24 em relação ao movimento normal antes das medidas contra o coronavírus, de acordo com pesquisa realizada pela associação de empresas de transporte NTC&Logística.

Obstáculos nas estradas

No início da quarentena, embora o transporte tenha sido declarado serviço essencial, inicialmente os restaurantes à beira de estrada foram fechados. Além da alimentação, esses lugares providenciam banheiros e lugares para banho e descanso, o que tornou a vida dos caminhoneiros mais complicada. Mecânicas e borracharias também haviam sido fechadas.

Segundo Conner, o ecossistema de logística reagiu rapidamente e alguns desses lugares foram reabertos. Os salões dos restaurantes continuam fechados, mas é possível pedir refeições para viagem. 

“No início da quarentena ainda havia descoordenação e até desconhecimento entre autoridades, empresários e motoristas. Hoje, o trabalho é mais coordenado para dar suporte aos motoristas”, diz Garcia, da Arteris.

A Arteris transformou seus postos de pesagem – fechados por causa da limitação de contato entre as pessoas – em locais para banho, avaliações clínicas e estacionamento. A empresa alugou chuveiros e banheiros químicos e deslocou algumas ambulâncias para esses espaços para medir a temperatura dos motoristas e dar instruções de saúde.

A empresa montou uma plataforma em que indica quais postos, restaurantes e mecânicas estão abertas nas estradas que administra. 

Segundo mapeamento realizado pela Repom em mais de 5 mil estabelecimentos de alimentação, 68% deles mantiveram seu funcionamento desde o início das medidas de isolamento. As lojas de conveniência que continuam operando somam 65% do total. Além disso, 97% dos postos de combustível credenciados mantém disponível a estrutura para higiene dos caminhoneiros, com banheiros e chuveiros abertos ao público.

Fonte: Exame