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Artigo

Como trazer novos investimentos

Adary Oliveira

25/05/2022 06h09

Foto: Ilustrativa

Nos períodos pré-eleitorais, como o que agora estamos vivendo, é muito comum aos candidatos externarem suas promessas para os habitantes de uma região, não deixando de incluir entre os diversos itens considerados o aumento da oferta de empregos. Indiscutivelmente é um assunto presente em todas as famílias, principalmente naquelas de baixa renda e composta de número mais elevado de pessoas. Dentre os diversos setores da economia o terciário é o que mais gera empregos, mas os investimentos nele realizados são puxados pela manufatura de bens, daí a promessa de industrialização contida nos planos e programas.

Vários aspectos são considerados na elaboração de estudos de localização industrial e os investidores costumam fazer análise comparativa entre as diversas alternativas. Algumas são fáceis de serem identificadas como proximidade da matéria-prima, existência de infraestrutura industrial, montante de impostos a serem pagos, disponibilidade de mão-de-obra especializada, custos operacionais, vizinhança e poder aquisitivo dos consumidores etc. Entretanto, muitos outros fatores locacionais podem passar despercebidos dos governantes quando planejam atrair indústrias, como aqueles que revelam como são os empresários tratados por eles e se os mandatários são capazes de promoverem uma boa convivência.

Em visita aos sítios de aglomeração industrial, como o Polo Industrial de Camaçari, tido como o mais bem sucedido empreendimento dessa natureza de nosso estado, os pretendentes à instalação de novos negócios são obrigados a trafegarem a baixa velocidade pelas suas vias internas, devido ao excessivo número de buracos de seus pavimentos. Embora a Via Parafuso, seu principal acesso, tenha melhorado muito com a rodovia pedagiada, lá dentro é de dar pena, demonstrando claramente o descaso com a manutenção de tão importante lugar. Se os empresários viajarem pelas vias do antigo Centro Industrial de Aratu (CIA) e dos Distritos Industriais do Interior, aí a coisa fica bem pior.

Quando o CIA foi projetado, teve-se o cuidado, muito acertadamente, de se projetar um porto que atraísse indústrias. O Porto de Aratu-Candeias não só atraiu novas fábricas como foi elemento decisivo da localização do Polo Petroquímico. O incipiente Terminal de Granéis Sólidos (TGS) foi duplicado e atendeu a uma demanda maior do Polo com a construção do Terminal de Granéis Líquidos (TGL) e do Terminal de Produtos Gasosos (TPG). O TGS está sendo expandido com ampliação de um dos piers, construção de silos, armazéns, pátios, troca das correias transportadoras, tudo liderado por nova concessionária. O TGL continua à mingua formando filas enormes de espera e pagamento de caras demurages por parte dos seus usuários.

A excessiva concentração de indústrias na Região Metropolitana de Salvador (RMS) indicam que se deve fazer um grande esforço para interiorizar os novos investimentos. A realização de negócios no interior muitas vezes carece de atratividade econômica, mas muitos delas, pela sua natureza, como a exploração mineral, são imbatíveis. Por isso não se deve desperdiçar nenhuma delas e os planos de governo não podem omiti-las. Não se concebe, por exemplo, que iniciativas como a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) e o Porto Sul, capazes de viabilizar inúmeros projetos de mineração, tenham sua construção adiada por tanto tempo. Da mesma forma é difícil de imaginar a falta de investimentos pelo poder público em estradas vicinais e tubovias nas regiões exploradoras de petróleo e gás natural, agora que o a Petrobras está sendo retirada do estado que lhe deu origem e alimentou seu crescimento.

Muitas dessas considerações merecem atenção especial dos candidatos, maiormente por estarem sendo observadas pelos eleitores, sobretudo por aqueles que estão cônscios de que não estão incluídos nos chamados currais eleitorais, por pertencerem a outra classe de seres vivos. Na verdade, as coisas não vão acontecer exatamente assim, mas caminham nessa direção.

Adary Oliveira é engenheiro químico e professor (Dr.) – [email protected] 

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