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Transporte Aquaviário

Desmantelamento de navios cai para o nível mais baixo em 20 anos

Uma série de fatores coroados pela situação no Mar Vermelho manteve os navios operacionais por mais tempo, diz Bimco

10/04/2024 07h56

Foto: Divulgação

“Nos últimos oito trimestres, o desmantelamento de graneleiros, petroleiros e navios porta-contêineres caiu para o nível mais baixo em 20 anos. Uma combinação de forte procura após uma série de crises de mercado e baixas listas de encomendas manteve os navios mais antigos em operação por mais tempo do que o habitual”, afirma Filipe Gouveia, analista de navegação da Bimco.

Durante o primeiro trimestre de 2024, apenas dois milhões de dwt foram sucateados. Isto marca o nono trimestre consecutivo com níveis de reciclagem abaixo de três milhões de dwt. A última vez que esta atividade esteve tão baixa durante um período prolongado foi antes da crise financeira de 2008.

“Como a frota é atualmente muito maior do que antes da crise financeira, o desmantelamento nos últimos oito trimestres atingiu o nível mais baixo em 20 anos. Em média, apenas 0,1% da frota foi demolida neste período, contra 0,45% em média nos últimos 20 anos”, afirma Gouveia.

A influência do Mar Vermelho 

A atual situação de segurança no Mar Vermelho é a mais recente de uma série de crises que impulsionaram a procura de navios. São necessários números maiores para transportar a mesma quantidade de carga, uma vez que as distâncias de navegação aumentam quando os navios são desviados através do Cabo da Boa Esperança devido ao risco de ataques Houthi. 

Durante 2022 e 2023, as sanções às exportações russas de petróleo e carvão tiveram um impacto semelhante e duradouro nos sectores dos navios-tanque e dos granéis. Além disso, a mudança no comportamento do consumidor durante a pandemia de covid-19 provocou um aumento na procura por contêineres.

“Embora a elevada procura e as taxas de frete tenham mantido o desmantelamento de navios baixo, as encomendas limitadas de navios-tanque e graneleiros observadas nos últimos anos contribuíram igualmente para os baixos níveis de demolição. As entregas combinadas de graneleiros e petroleiros também atingiram os níveis mais baixos em 20 anos”, afirma Gouveia.

Crescimento da frota 

Apesar do baixo nível de entregas observado recentemente, alguns indicadores apontam para um maior desenvolvimento da frota num futuro próximo. No setor do transporte marítimo de contentores, o novo recorde de entrega de navios de 2023 será quebrado em 2024 e espera-se que a oferta cresça mais rapidamente do que a procura. No setor dos petroleiros, os recentes aumentos nas novas encomendas de construção farão com que as entregas aumentem significativamente em 2025 e 2026, enquanto o crescimento do volume de carga poderá permanecer baixo.

“O desmantelamento de navios irá inevitavelmente recuperar nos próximos anos. Os navios que teriam sido reciclados se o reencaminhamento do Cabo da Boa Esperança não tivesse sido necessário, provavelmente serão reciclados logo após a situação ser resolvida. Portanto, apesar desta pausa de curto prazo no desmantelamento, ainda esperamos que entre 2023 e 2033 sejam reciclados mais do dobro dos navios do que nos últimos 10 anos”, afirma Gouveia.